ESTOU EM CAMPANHA POLÍTICA - ESTOU EM MISSÃO
O desafio da esquerda de fazer trabalho de base: um relato pessoal sobre a Campanha Política para a eleição do Lula em 2022.
Após a definição do primeiro turno da eleição de 2022, olho para o meu marido e falo com ênfase: “ESTOU EM CAMPANHA PELA ELEIÇÃO DO LULA - ESTOU EM MISSÃO!”
Ele me perguntou porque eu me envolveria tão abertamente na política, naquele momento em que morávamos em uma cidade do interior.
Expliquei que somos cristãos e que a morte viria de qualquer forma - pois quando se "normalizasse" o apedrejamento de pessoas na rua, nós estaríamos lá, defendendo a vítima, conforme ensina a nossa fé. Então, se a extrema direita ganhasse, nós íamos morrer mesmo e que era melhor morrer lutando em uma campanha política democrática, enquanto tínhamos tempo.
Relação pessoal resolvida, fui para o zap, mandei mensagens para amigas e amigos, organizei grupos, definimos estratégias de divulgação de conteúdos, ajudamos umas as outras nas publicações de temas específicos e seguimos em frente. Divulgamos agenda, partilhamos angústias, discutimos soluções e confiamos. MEU DEUS, COMO CONFIAMOS!
Fiz campanha de rua e na rua. Relembrando meus dias de adolescente, quando se ia de casa em casa entregando panfletos - me lembro da frase de uma ALUNA DE CRISMA, mais jovem que eu: “NILCEIA, NÓS ESTAMOS FAZENDO HISTÓRIA.”
A tristeza de hoje é que essa "amiga" tornou-se quase uma entusiasta da extrema direita, ou pelo menos uma apoiadora disfarçada no discurso de que a paz nas relações sociais primárias deve ser mantida a qualquer custo, mesmo quando esse custo é o assassinato de opositores políticos e pessoas que não comungam das mesmas crenças, que não se encaixam no discurso excludente deles.
Mas "vida que segue", perdemos uma companheira aqui e encontramos outra ali...
Fui para a luta da campanha eleitoral como quem vai para uma MISSÃO de vida ou morte.
Quando tudo se tornou mais tenso e a notícia de agressões e assassinatos de militantes da esquerda pelo Brasil começou a chegar com mais frequência, meu marido me chama para conversar de novo.
Desta vez não expliquei nada, apenas o olhei nos olhos e disse:
“ESTOU EM MISSÃO, CONFIA!”
A resposta veio calma:
“Tudo pode dar muito errado. EU CONFIO SE VOCÊ CONFIAR.”
O que os intelectuais não entendem é que nas periferias existenciais - Papa Francisco - "o baguio é loco, e é preciso ser mais loco que o baguio" - Luciene Nascimento.
E É POR ISSO QUE A CLASSE TRABALHADORA CANSA.
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