segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Segundo texto da série: A CLASSE TRABALHADORA CANSA.


ESTOU EM CAMPANHA POLÍTICA - ESTOU EM MISSÃO


O desafio da esquerda de fazer trabalho de base: um relato pessoal sobre a Campanha Política para a eleição do Lula em 2022.

Após a definição do primeiro turno da eleição de 2022, olho para o meu marido e falo com ênfase: “ESTOU EM CAMPANHA PELA ELEIÇÃO DO LULA - ESTOU EM MISSÃO!”

Ele me perguntou porque eu me envolveria tão abertamente na política, naquele momento em que morávamos em uma cidade do interior.

Expliquei que somos cristãos e que a morte viria de qualquer forma - pois quando se "normalizasse" o apedrejamento de pessoas na rua, nós estaríamos lá, defendendo a vítima, conforme ensina a nossa fé. Então, se a extrema direita ganhasse, nós íamos morrer mesmo e que era melhor morrer lutando em uma campanha política democrática, enquanto tínhamos tempo.

Relação pessoal resolvida, fui para o zap, mandei mensagens para amigas e amigos, organizei grupos, definimos estratégias de divulgação de conteúdos, ajudamos umas as outras nas publicações de temas específicos e seguimos em frente. Divulgamos agenda, partilhamos angústias, discutimos soluções e confiamos. MEU DEUS, COMO CONFIAMOS! 

Fiz campanha de rua e na rua. Relembrando meus dias de adolescente, quando se ia de casa em casa entregando panfletos - me lembro da frase de uma ALUNA DE CRISMA, mais jovem que eu: “NILCEIA, NÓS ESTAMOS FAZENDO HISTÓRIA.”

A tristeza de hoje é que essa "amiga" tornou-se quase uma entusiasta da extrema direita, ou pelo menos uma apoiadora disfarçada no discurso de que a paz nas relações sociais primárias deve ser mantida a qualquer custo, mesmo quando esse custo é o assassinato de opositores políticos e pessoas que não comungam das mesmas crenças, que não se encaixam no discurso excludente deles.

Mas "vida que segue", perdemos uma companheira aqui e encontramos outra ali...

Fui para a luta da campanha eleitoral como quem vai para uma MISSÃO de vida ou morte.

Quando tudo se tornou mais tenso e a notícia de agressões e assassinatos de militantes da esquerda pelo Brasil começou a chegar com mais frequência, meu marido me chama para conversar de novo.

Desta vez não expliquei nada, apenas o olhei nos olhos e disse:

“ESTOU EM MISSÃO, CONFIA!”

A resposta veio calma:

“Tudo pode dar muito errado. EU CONFIO SE VOCÊ CONFIAR.”

O que os intelectuais não entendem é que nas periferias existenciais - Papa Francisco - "o baguio é loco, e é preciso ser mais loco que o baguio" - Luciene Nascimento.

E É POR ISSO QUE A CLASSE TRABALHADORA CANSA.

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