terça-feira, 5 de dezembro de 2023

ENTRE POESIAS, LEMBRANÇAS, GUERRA E REFLEXÃO.


Estou me sentindo culpada de retornar aos temas de mulher católica da classe trabalhadora, enquanto mulheres Palestina sofrem ataques violentos por parte de homens desumanos e a humanidade inteira é desumanizada em ataques brutais.

Mas é a própria poesia que vem me salvar e me diz:

“Tudo está interligado, como se fossemos um, tudo está interligado nessa causa comum”.

Então me lembrei da teoria Gaia, lida em algum artigo perdido de uma revista qualquer e guardada na memória com uma espontaneidade, que só pode ter se alojado na parte do cérebro que guarda a esperança:

“Uma borboleta azul, batendo as asas na Argentina, por uma série de fatores ocultos, está relacionada com um vendaval na Austrália”.

E assim me deixei levar pela poesia e me pus a escrever sobre amor e busca interior de desenvolvimento, na esperança de que isso, de alguma forma misteriosa, aplaque a ira de ataques injustos contra a nossa humanidade e fortaleça as vítimas.

Me perdoem a esperança infantil, mas é que em tempos de barbárie tecnológica, resta-nos a esperança sutil de sonhos oníricos sonhados acordados.

É que de novo me lembro, e desta vez é Rubem Alves que me salva dizendo:

“DEUS É UMA PALAVRA QUE SE PRONUNCIA QUANDO TODAS AS ESPERANÇAS HUMANAS SE ACABAM”.

Nos debates e aprofundamentos recentes, apareceu o conceito de AMAR A SI MESMO. Amar a si mesmo mais que aos outros, mais que os filhos, dentro daquele conceito de orientação de emergência de avião, onde temos de colocar as máscaras primeiro em nós e depois nas crianças, porque precisamos estar bem para cuidar dos outros.

Em um primeiro momento esse tema me incomoda, porque parece-me essencialmente capitalista e a situação do avião em pane é muito peculiar e que, na vida cotidiana do cristão, o sentido básico é cuidar do outro.

E existe também aquela música católica que diz:

“Amar-te mais que a mim mesmo, amar-te mais que aos mais queridos, amar-te mais e viver a vida só para amar”.

Mas todavia, contudo, dentro desse vício espontâneo de olhar mais de perto os conteúdos que a vida me traz, pois tenho a impressão de criança de que em tudo pode haver uma pérola escondida, lembrei-me que meu pai sempre me dizia:

“PENSE EM VOCÊ”.

E lembrei-me também, com esse modelo de pensamento esbaforido, que eu sempre tive dificuldade de entender o que o meu pai queria dizer. Acho que ele estava se referindo a coisas muito práticas, como:

- Não saia de casa sem comer, pois não sabe o que vai encontrar.

- Trabalhe pelos seus sonhos e projetos.

- Fique viva.

- Não deixe ninguém "pisar em você".

Quando eu fazia faculdade e não tinha tempo para nada e comecei a emagrecer escandalosamente, minha mãe conversou com meu pai e ele mesmo me contou que falou para ela “- Se a NILCEIA QUER SE MATAR PARA CONQUISTAR OS OBJETIVOS, QUE SE MATE”.

Assim lembrei-me que, para o meu pai, trabalhar pelos sonhos era mais importante que a própria vida ou a própria vida era sinônimo de trabalhar pelos sonhos.

E encontrei em uma agenda antiga uma frase que veio a calhar em um momento que oriento mulheres que estão vivendo em relação abusivas:

“Eu não fui embora porque eu deixei de te amar. Eu fui embora, porque quanto mais eu ficava menos eu me amava” - Rupi Kaur.

Então lembrei-me de Fernando Pessoa:

“Para ser grande, sê inteiro: nada

Teu exagera ou exclui.

Sê todo em cada coisa.

Põe quanto és

No mínimo que fazes.

Assim em cada lago a 

lua toda

Brilha, porque alta vive”.

Fernando Pessoa, Odes de Ricardo Reis, Lisboa 1946, página 148.

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