"Difícil quando alguém olha para a gente somente pelo que somos no presente." Padre Fábio de Melo
Hoje, 06/10/2023, na academia, enquanto fazia os exercícios, ouvia no fone de ouvido esse vídeo do Padre Fábio de Melo: https://youtu.be/FYLiOCCqTVM?si=qWBZI_KZcNh2qeIB
Destaquei a frase:
"Difícil quando alguém olha para a gente somente pelo que somos no presente."
E, deixei anotado nas mensagens do zap, para retorno em um próximo momento.
E depois, dentro do ônibus barulhento, o texto estava aqui, fluindo para os dedos digitadores, tal qual água da fonte cristalina:
Já fui sonho, já fui desespero, já fui magra e já fui gorda.
Já fui esperança e teimosia, eficiência e constância.
Fui dança agressiva desafiando gigantes.
Fui sonho refeito depois de um choro intenso.
Fui sonâmbula de cansaço, classe trabalhadora em luta, maximizando o trabalho e diminuindo o tempo de descanso.
Fui bela e sorridente, guerreira disfarçada de sombra.
Teimosia irritante de tempos idos.
Fui inveja e fui admiração.
Fracassos e vitórias se interpondo em períodos opostos da vida.
Em um período aprendi a gritar, em outro me fiz silêncio.
Fui crítica e fui vítima de crítica.
Me tornei compreensão ao extremo, para me identificar de novo com antigas revoltas.
Fui compreensão até encontrar a inutilidade de todos os gestos, quando a humanidade do nosso interlocutor já foi consumida por um mundo de competições medíocres.
Já fui perseverança contra toda a realidade que me rodeava. Já fui foco, tal qual o burro com o tapa olho, via apenas o objetivo a ser conquistado.
Fui foco a ponto de não ouvir as vozes dos realistas de plantão dizendo que eu não ia conseguir.
Fui rastejando até o fim do período, tendo como alento apenas a frase da pessoa amada: “Quando você acordar amanhã, será uma pessoa com um diploma universitário.”
No desespero máximo, aceitei os acordos saudáveis que me propuseram:
“Você não precisa fazer absolutamente nada, apenas pare de chorar, porque o seu choro dói em mim.”
“Aceito, suporto, apoio, compreendo sua tristeza, mas você precisa levantar da cama para comer.”
Fui tudo isso e mais um pouco. Fui a que recebeu elogios e sorriu, sorriu e sorriu de novo.
Fui fênix, me transformando a cada dia. Fui luta constante, sem cessar, buscando paz, buscando sonhos, buscando o próprio movimento de se renovar.
Busquei a perfeição, e quanto mais a busquei, mais fui criticada, acusada, espezinhada.
E agora retorno para uma nova vida, tranquila em minha pseudo solidão que está se transformando através de encontros encantadores. Cometendo erros que nunca fiz, só pelo exercício de ver no que dá.
Por isso faço minhas as palavras de Padre Fábio de Melo:
“Difícil quando alguém olha para a gente somente pelo que somos no presente.”
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