segunda-feira, 7 de agosto de 2023

SOLIDARIEDADE NA PERIFERIA – ESPIRITUALIDADE CONVERTIDA EM AÇÃO


Faz algum tempo, assisti uma palestra de um padre católico que compara o almoço de domingo entre amigos e familiares com a sequência de um culto religioso. Como não encontrei a palestra na internet, farei abaixo a minha própria versão espiritualizada da refeição entre amigos(as) da periferia, descrevendo os momentos mais intensos. 

1- ACOLHIMENTO – As pessoas chegam e vão sendo cumprimentadas pela(o) dona(o) da casa. Alguns chegam meio “ressabiados” – com medo, outros chegam alegres e exultantes, tem aqueles que estão agitados e raivosos e os que estão cansados, mas todos vão chegando e se assentando, se acomodando em seu mundo e no mundo do outro. 

2- Depois da acolhida ocorre o momento do aprofundamento. As pessoas conversam sobre os problemas, pedem perdão, se reconciliam e se refazem.

3- A Mística do acolhimento e do perdão possibilita um momento de exultação, de alegria. Então todos cantam, glorificam a Deus pela vida. Glorificam a própria vida. 

4- Depois de toda a exultação ocorre um momento de calma, uma satisfação em relação ao próprio momento vivido. Não é que os problemas são resolvidos ou mesmo esquecidos. São incorporados a eles novas emoções, novas possibilidades produzidas na mística do ritual do encontro. 

5- Enquanto alguns vão preparando o alimento e deixando-o pronto para ser servido, outros preparam a mesa e enfeitam o local com simplicidade. Durante esse momento é que ocorrem os diálogos mais profundos, de alma para alma. Troca-se ideias mais amplas, algumas embasadas em princípios históricos e escritos a muito tempo. 

6- Depois de toda essa “aventura boa” do ENCONTRO, a refeição é servida, ou apenas liberada. Alguns se sentam à mesa, outros apenas ficam por ali, “beliscando”, comendo alguns petiscos. É o momento que o alimento é servido e todos(as) comem, conforme a necessidade de cada um.  

7- Após a refeição, vem um momento de tranquilidade, de descanso, enquanto alguns já se preparam para irem embora, retornar a luta cotidiana. É a benção final do ritual do acolhimento. É a distribuição de bênçãos, que ocorre na certeza de que o momento pode ser repetido de novo e de novo e de novo.....

Assim todos(as) voltam para casa fortalecidos para a luta cotidiana. Fortalecidos e renovados. Como na multiplicação dos pães no Evangelho, capítulo 6 versículo 12..... todas(os) comem e saem saciados. 

Todos saciam a fome do corpo e, estando juntos, também saciam a fome da alma e do coração.

Nos encontros entre amigas(os), podemos dizer que a comida alimenta o corpo e a presença do outro, a companhia humana alimenta a alma. Toda refeição é santa e santificante, quando vivida no espírito de amizade e comunhão fraterna.

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