OUTRAS REFLEXÕES:
A primeira reflexão é sobre quem paga o tempo GASTO em casa, no meu tempo de folga, para elaborar os CONFLITOS do trabalho, quando a dor da VIOLÊNCIA do Assédio Moral se impõe? O tempo para reconquistar o equilíbrio emocional envolve várias etapas, que vai das reverberações e reflexões intensas, as conversas com amigas, orações, meditações, exercício físico, escrever intensamente, consultas ao sindicato e advogadas, sessões de terapias, elaborações intensas que mais se parecem com malabarismos circenses na alma sem os devidos equipamentos de segurança.
A segunda reflexão é que muitas vezes, na empresa, não existe uma equipe que analise objetivamente os diversos elementos causadores do stress. A mensagem que paira no “ar”, nos discursos de bastidores, nos cursos institucionais é: “Faça você mesmo essa análise, procure conhecimento sobre o tema, verifique as leis, faça terapia, estude, mude de comportamento, aprenda sozinha”. Nas análises e enfrentamento de casos de assédio que conheço, o máximo que se consegue é detectar e investigar o assediador, raras vezes punindo-o. Nunca vi, por parte da empresa, apesar da solicitação do sindicato, uma análise do contexto social que possibilita o assédio, tais como condições de trabalho que envolvem equipamentos, excesso de trabalho, treinamento, o fluxo das atividades cotidianas, planos de gestão, planos de promoção e carreira. Ou seja, o máximo que chegamos é punir o ASSEDIADOR que também é um trabalhador, mas nunca avançamos para a punição do contexto que o permite praticar o assédio.
Neste “passeio macabro”, visando o enfrentamento da violência do assédio, destaco como terceiro item a questão do TEMPO: Tempo de trabalho, de aprendizado, de respostas de outros setores. E o tempo dado para cumprimento de metas irracionais. Em "tempos" de internet, somos cada vez mais "imprensados" dentro de um tempo que se "recusa" a expandir para atender as exigências do sistema capitalista.
Para destacar o quarto item, onde abordo as CONSEQUÊNCIAS NEFASTAS do assédio, cito-me como exemplo: Trabalhei atendendo ao público e recebi muitos elogios. Dois deles me marcaram profundamente: o primeiro foi de um gestor que me disse que eu era um “fenômeno de comunicação”, pois dizia NÃO ao cliente e ele saía agradecendo. O segundo elogio veio de um cliente que me disse que eu era o máximo na resolução de conflitos – se morasse em outro país, provavelmente passaria alguém pelo meu local de trabalho e me perguntaria quanto eu QUERIA GANHAR para trabalhar na empresa dele. AMO TRABALHAR, trabalhei e estudei durante anos, sempre de forma intensa, cumprindo metas, atendendo as exigências e expectativas, às vezes até acima da média. Sempre movida pela esperança e determinação. HOJE ESTOU CANSADA, MUITO CANSADA. Minha CONCLUSÃO: é isso que a Violência no trabalho - Assédio - faz: tira, até das mais bravas GUERREIRAS, o desejo de lutar.
Mas, como isso tudo não é suficiente, ainda tem um quinto item a ser analisado, que são as INTERPRETAÇÕES NEFASTAS sobre o tema. São verdadeiras desculpas “esfarrapadas”: até vejo a interpretação que um assediador nato, apoiado pelo senso comum e pelo sistema dirá ao ler o item quatro deste texto: “ela está cansada porque já trabalhou muito na vida, nós não temos nada a ver com isso”. Além da revolta diante da NEGAÇÃO DA REALIDADE, DA PERCEPÇÃO DA VÍTIMA E DAS CONSEQUÊNCIAS NEGATIVAS DO ASSÉDIO, que por si só podem levar uma pessoa a crises de ansiedade ou algo mais sério, ainda temos de conviver com o absurdo da proposta de encaminhamento.
E é com uma sensação de espanto que encerro esse texto:
Como se as condições de aposentadoria do(a) trabalhador(a) brasileiro(a) não fossem, por si só, um assédio ou pelo menos uma ofensa à minha inteligência!
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