terça-feira, 2 de maio de 2023

ASSÉDIO – “CONCLUSÃO”


Escrevi o escopo dos textos sobre assédio durante o carnaval de 2023, como forma de elaboração de uma situação desagradável, porque sei que gosto de escrever e isso me reestrutura. E, faz muito tempo que decidi transformar a dor da vida em textos lindos, que possam ajudar outras pessoas a superar seus desafios. Há muito também, decidi que toda situação DESAFIANTE é uma oportunidade espiritual de aprendizado e crescimento.

CONCLUSÃO: Enfim, RESILIÊNCIA é meu segundo nome, o primeiro é FORTALEZA.

Compartilhar minhas experiências, no combate ao Assédio próprio e de terceiros, foi um dos desafios mais difíceis desde que iniciei o blog. Para desespero da minha editora, mesmo com o escopo do texto organizado, eu não conseguia prepará-lo para liberar a publicação. Um CANSAÇO ia tomando conta de mim, envolvendo-me em uma sensação de desânimo e desesperança, que parecia não ter fim. Entre recuo e avanços no debate do tema, aqui estou eu com a sensação desagradável de que o tema não foi esgotado.

Não foi esgotado por vários motivos:

1- Ele continua a ocorrer infinitas vezes nas relações de trabalho, em especial contra as mulheres.

2- As marcas deixadas na vítima do assédio são intensas – e parecem se perpetuar por toda a vida –, é um “momento estranho” onde a dor psíquica se transforma em dor física, nos levando a um estado de consciência confuso, pois já não sabemos mais de onde vem o “ataque”, se do nosso corpo, da nossa alma ou do agressor(a) real que enfrentamos todos os dias.

3- Talvez, porque ASSÉDIO seja uma característica maléfica das relações humanas, advinda de relações sociais medíocres e competitivas, que se manifestam no local de trabalho com o apoio do sistema capitalista, que ganha com o sofrimento da classe trabalhadora.

4- Porque a resiliência da vítima precisa se expandir em luta e TRANSFORMAÇÃO pessoal, social e política.

5 - Ainda falta analisar mais profundamente as questões de gênero, raça e opção sexual. Questões estruturais/ideológicas interferem diretamente, de forma negativa, na efetivação do assédio.

Tem um caso que reverbera em minha mente e me marcou profundamente: um trabalhador, que ao tentar fechar uma operação de venda altíssima, sem apoio de gestor e dos setores internos da empresa, na sexta-feira, último dia do semestre, lutando para cumprir a meta, recebe a notícia que a aprovação da operação foi negada – ELE LITERALMENTE SURTOU NO LOCAL DE TRABALHO. Alguém foi responsabilizado por isso? Claro que não.

Nas questões de gênero, resgato minha experiência pessoal, que compartilhei aqui no texto de 14/03/2023. Em minhas abstrações espirituais, posso compreender as dificuldades masculinas em lidar com a exuberância feminina, posso compreender suas limitações e carências, seus medos de não conseguirem administrar situações múltiplas que as mulheres "tiram de letra" em segundos, enquanto os homens ficam presos a uma lógica limitada. Mas no cotidiano, na dinâmica das lutas diárias que se impõe a nós como um “tanque de guerra” invadindo nossas sensíveis resistências, é no mínimo muito “complicado” tê-los como superior, quando a sua metodologia de administração de pessoas é um processo opressor e repressor do modelo feminino de ser, agir e existir. Colocando-se em um lugar de superioridade, “eles podem tudo” – falam o que querem, quando querem, da forma que querem – abordam temas que vão de política a sexualidade, com palavras sérias e/ou de baixo calão, que diferença faz - eles se colocam no lugar do “macho” que tudo pode, enquanto vão impondo às mulheres, modelos restritos de ação e comportamento que melhor lhes aprouver.

Desta experiência pessoal, conclui, que não preciso de gestores que compartilhem a minha alegria pessoal, pois tenho outros espaços sociais onde posso me esbaldar na alegria e na EXULTAÇÃO. Apenas me preocupo com os funcionários que, porventura estejam passando por situações muito angustiantes na vida pessoal, pois tal tratamento pode ser fatal para seu equilíbrio pessoal. E, por isso, transformo tudo em VOZ/GRITO através de dissertações, e transformo essa voz em luta sindical e política.

Não preciso ser amada no local de trabalho - não preciso ser ouvida, ser considerada e etc - preciso apenas conseguir VIGIAR plenamente, como ensina o grande mestre Jesus, PARA NÃO SER PEGA DE SURPRESA. Depois, transformar a vigília em material de escuta, dissertações, poesias, danças, luta sindical/política e o que mais for preciso para sobreviver e sobreviver bem.

Mas “cá para nós”, em um resgate histórico, quem usava conhecimentos ESPIRITUAIS para enfrentar as condições de trabalho eram os escravos, o que nos leva a grandes questionamentos sobre a realidade da trabalhadora no século 21.

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