A REFLEXÃO NÃO ACABA, PORQUE O COMBATE NÃO PARA, e de insight a insight vamos sobrevivendo ao cotidiano, na esperança de uma dia chegar a um oásis de uma calma dinâmica que nos leve a outras aventuras, onde já não sejamos vítimas ou minimizadas por outrem, mas com capacidade de fazer a própria história a partir das lutas que melhor nos aprouver.
No último texto falei das INTERPRETAÇÕES NEFASTAS que os assediadores e seus apoiadores fazem sobre o tema, que são verdadeiras desculpas “esfarrapadas” para culpabilizar a vítima, tais como: “você está cansada”, “sua vida pessoal não está bem”, “você é ansiosa”, “as coisas não são assim”, “você é muito sensível”, “eu não me lembro....”
Essa NEGAÇÃO DA REALIDADE fere a capacidade de percepção da vítima, por isso, na minha interpretação é estratégia, pois garante mais “espaço social” de atuação do assediador.
A vítima vê a sua realidade, vê o caos ao seu redor, percebe e tem clareza que suas relações de trabalho são doentias e promove doenças. Sofre com a irracionalidade das cobranças. Vê sua capacidade minguando...mas toda a sua percepção não é compartilhada por seu contexto social – e assim, o sofrimento vai se expandindo internamente, até estrangular toda a esperança de mudança.
Seu papel social é cruel porque, se por um lado é sua vulnerabilidade de classe que possibilita o assédio, por outro, é preciso romper com essa vulnerabilidade para vencê-lo. É o que, no popular, se chama “trabalho de Hércules" ou “tirar leite de pedras”.
E, na aridez das lutas cotidianas, se torna necessário buscar conhecimento sobre o tema, conversar com outras colegas, buscar apoio, identificar quem está do nosso lado e quem está contra nós, debater o tema, conhecer as lutas estruturadas contra o assédio no Movimento Sindical, buscar apoio psicológico, construir pensamento estratégico de enfrentamento, definir metas, etc, etc, etc...
Enfim, enfrentar a luta contra o assédio próprio e de terceiras, é iniciar uma “SAGA” digna das aventuras de romances e filmes. É VIVER INÚMERAS VEZES AO DIA aquela cena quase final dos filmes de aventura americano, onde o herói desmaiado, caído, derrotado, é “tomado” por uma força inusitada da ficção, se levanta e fica de pé.
Aqui, no chão de fábrica, no “batidão” do atendimento, no desafio do convívio com gestores incompetentes financiados pelo sistema, A RELAÇÃO DE QUEDA E LEVANTAMENTO DO ESPÍRITO DA GUERREIRA ocorre diversas vezes ao dia e, com tal intensidade que, muitas vezes esqueço de contabilizar.
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