ESTÃO PEDINDO PAZ
“A paz do mundo começa em mim”- Paz pela Paz – Nando Cordel.
“A paz que eu não quero ter” - Música: A minha alma – O Rappa.
"Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz” – Oração de São Francisco.
Esta semana, recebi e vi muitas postagens nas mídias sociais de pessoas muito queridas pedindo paz. Paz nas famílias, entre os amigos. Paz da Copa do Mundo e do Natal, que parece estar chegando mais cedo este ano.
E não é que eu não a queira – Meu Deus, como eu desejo paz!
Eu, em cuja infância, fiquei horas a fio em cima de um balanço que meu pai fez para mim no pé de manga gigante, sempre desejei aquela paz bucólica, do tempo infinito que me permitia ficar ali, enquanto a mãe lavava a roupa à mão e ouvia o rádio de pilha.
Hoje, como mulher da classe trabalhadora, conciliando o trabalho doméstico com outras atividades, sei que a minha percepção de infância, de que o tempo era infinito, era garantida pelo trabalho árduo da minha mãe, que deixava tudo em ordem, para que eu pudesse ter o tempo da infância.
Na paz bucólica do balanço, eu me alfabetizei, li diversas vezes os poucos livros que me caiam na mão, rezei, fantasiei, refleti do meu jeito de criança, escrevi meus primeiros textos.
Na cidade grande, já como estudante de psicologia em uma sessão angustiada de terapia, ouvi que eu precisava crescer e sair do balanço, enfrentar a vida e a realidade – que a PAZ do balanço era uma ilusão e etc e tal…
Acho que não me recuperei daquela sessão de terapia até hoje. Rss.
E é provavelmente por isso que, ao ouvir mensagens de paz em um momento ideológico tão desafiador, meu sistema de alerta entra em ação e, tal como o cachorro ao prever o perigo “empina” as orelhas, eu me coloco de prontidão reflexiva:
Qual é a paz que eu quero ter?
Quem fica de sentinela para que eu descanse?
Quem vigia enquanto eu durmo?
Quem responde às perguntas angustiantes da classe trabalhadora próxima a mim?
Aqui embaixo, no corpo a corpo, no chão de fábrica, na espera das filas, no ônibus lotado e etc... quem responde as perguntas?
E concluo que será eu mesma a fazer todos os papéis da minha vida – porque essa é a realidade da MULHER DA CLASSE TRABALHADORA. Exercemos com maestria papéis contraditórios com tanta facilidade e com um sorriso nos lábios que, a grande maioria dos que nos assistem, pensam não haver ali qualquer dificuldade e até encontram a PAZ refletida em nós.
Assim, ao mesmo tempo que definimos mentalmente A PAZ QUE QUEREMOS, somos a SENTINELA para que outros descansem e VIGIAMOS em silêncio o sono tranquilo dos que amamos, enquanto organizamos mentalmente, uma técnica de relaxamento aprendida no youtube, que nos permita ficar de pé, respondendo mensagens angustiantes de amigas, que querem desesperadamente lutar contra essa ideologia nefasta, que ataca os princípios cristãos sem qualquer pudor.
E depois, sentamos e escrevemos tudo, na esperança que nossas REVERBERAÇÕES ajudem outras a se organizarem e se refazerem.
“MEU CANSAÇO QUE A OUTROS DESCANSE” – Música: A Barca – Padre Zezinho.
QUE MINHA INQUIETAÇÃO, TRANSFORMADA EM TRABALHO ÁRDUO, DÊ FRUTOS DE PAZ.
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