segunda-feira, 9 de maio de 2022

ESPIRITUALIDADE

 MINHA PROTEÇÃO ESTÁ NO NOME DO SENHOR


MINHA PROTEÇÃO ESTÁ NO NOME DO SENHOR é uma frase que cristãos no Brasil, de diversas denominações, utilizam muito. A frase não indica apenas fé e confiança em Deus mas também desapego aos conchavos humanos com o objetivo de garantir proteção ou alguma vantagem.

Mas me pergunto se as pessoas acreditam mesmo nisso.

Você já parou para pensar que acreditar nessa máxima é despojar-se de toda luta?

Despojar-se principalmente da luta armada, mesmo quando supostamente em defesa própria e/ou em defesa de alguém que se ama?

Porque, pela lógica da racionalidade, se acreditamos que o Senhor é Todo Poderoso e que Ele nos protege, por que precisamos de armas para nos defender?

Conheço muitas pessoas cristãs que repetem a frase “MINHA PROTEÇÃO ESTÁ NO NOME DO SENHOR” diversas vezes ao dia. Repassam mensagens no zap, defendem a tese, criticam aqueles que não tem fé. Enfim, "fazem a festa" que o discurso verbal permite, trazendo a imensa força do discurso espiritualizado para o cotidiano. Mas defendem a liberação das armas na sociedade, escolhendo candidatos na política que tem essa pauta.

Não acredito que as pessoas da CLASSE TRABALHADORA que defendem as armas ABANDONEM os princípios Cristãos de misericórdia, amor, fraternidade e paz, e aderem ao princípio mundano da violência como solução dos problemas. PORQUE ABANDONAR INDICA UM GESTO DE CONSCIÊNCIA. Diria que apenas passam a "funcionar" em outra perspectiva.

Talvez seja aquele momento que a consciência em um momento desesperador parece "olhar para o outro lado" e vê a cena de uma perspectiva totalmente diferente. Isso pode ocorrer em momentos de extremo desespero como um filho viciado assassinado pelo tráfico ou pela polícia, a ameaça de morte de algum grupo de extermínio, uma filha estuprada e tantos outros eventos traumáticos que a vida oferece no lugar concreto que o Papa Francisco chamou lindamente de Periferia Existencial.

Para mim, é como se a estrutura de pensamento dessas pessoas fossem organizadas em dois chips diferentes que não se comunicam. É como se o processo mental delas estivesse organizado em "caixinhas" sem comunicação umas com as outras. Li esse conceito em um romance no início desse século - não me lembro o nome do livro.

Em uma das “caixinhas” está o ensinamento religioso, repleto de esperança misericordiosa e na outra o impulso da agressividade, capturado pelas classes dominantes através do discurso de ódio amplamente disseminado por mídias diversas.

Seria um insight às avessas do processo psíquico libertador que tal fenômeno oferece, onde quanto mais se olha na perspectiva da violência mais se aprisiona, aprisiona os que estão à sua volta e porque não dizer o país.

Sobre a classe dominante que defende o armamento e se diz religiosa minha análise é outra. Acredito que o que está em jogo é apenas interesses financeiros e a ação deliberada de produzir caos na sociedade.

A questão é quem é o "Senhor" que essas pessoas seguem e se esse "Senhor" tem qualquer relação com o Cristo dos Evangelhos.

Para mim parece lógico que se a PROTEÇÃO ESTÁ NO NOME DO SENHOR devemos abandonar as armas, nos despojar de toda luta violenta e buscar a plenitude da vida espiritual ainda aqui neste plano terrestre.

Mas também sei que o ser humano não é apenas razão e vivemos um tempo de lógica pervertida, onde tudo que é SAGRADO por defender e proteger a vida está sendo colocado de lado.

Vivemos um tempo desafiador a nossa espiritualidade CRISTÃ.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

PEC DA BLINDAGEM - LUTAMOS CONTRA E VENCEMOS!

Lutamos contra a PEC DA BLINDAGEM E VENCEMOS , mas a preocupação com a existência de ideias tão "estapafúrdias" ainda me persegue....