UM POUCO DE CONTAÇÃO DE HISTÓRIA
Quando praticamos o pensamento positivo na perspectiva pessoal, ele nos traz uma sensação de força inexplicável. Surge em nossa mente uma energia, uma coragem, porque não dizer uma energia intensa.
Muitos acreditam que essa sensação é uma ilusão produzida pela mente e que em nada isso interfere na realidade. Não compartilho dessa interpretação. Primeiro porque em minha história de vida posso testemunhar que muitas vezes a prática de um direcionamento mental positivo, trouxe possibilidades que nem mesmo eu sonhava. Segundo, porque se as sensações agradáveis advindas da prática de um direcionamento mental para as possibilidades positivas que a vida nos oferece for ILUSÃO, o que tem isso de mais? Não seria os nossos sonhos, ilusões e esperanças que dão sentido às nossas vidas e nos direcionam para aquele “algo mais” que nos faz humanos e nos “arrebata” das mesquinharias do cotidiano?
Portanto não sou contra o pensamento positivo, já o pratiquei muitas vezes de forma consciente e deliberada, como forma de direcionamento mental, contenção de reverberações e “previsões” negativas.
Já o pratiquei também sem a consciência de que aquilo poderia ser chamado de pensamento positivo.
Quando fazia faculdade foi uma luta só, sem precedentes em minha vida:
Eu trabalhava, estudava e não tinha tempo nem dinheiro pra nada. Chorava muito, muito mesmo. Em um determinado momento comecei a emagrecer absurdamente.
Pela lógica daqueles que seguem apenas o princípio da realidade, eu deveria desistir. Certa vez um professor, enquanto explicava o texto e a prática de orientação psicológica de atendimento em comunidades periféricas, disse que o processo de cura em pessoas de classe baixa poderia consistir em fazer a pessoa compreender e aceitar a realidade, as limitações que aquela classe social impunha.
Me perguntei se ele falava pra mim, mas apenas pensei que aceitar a realidade absurda que as mulheres da minha classe social viviam, muitas submetidas a relações conjugais abusivas e repressivas, tendo de viver as regras que outros impunham, aceitar traições e humilhações e ainda posar de boa dona de casa feliz nos almoços de domingo, NÃO era uma opção para mim.
E assim continuei e continuei, sem muito tempo para refletir se aquela minha esperança tinha algum sentido lógico ou não. A única lógica que fazia sentido para mim era continuar lutando.
Um belo dia, enquanto me arrumava pra ir pra faculdade em um sábado à tarde, meu pai me disse com voz firme:
“SUA MÃE ESTÁ PREOCUPADA COM VOCÊ, ESTÁ COM MEDO QUE VOCÊ ADOEÇA. EU DISSE PRA ELA QUE, SE VOCÊ QUER SE MATAR TRABALHANDO E ESTUDANDO, QUE VOCÊ SE MATE, QUE É PRA ELA TE DEIXAR EM PAZ.”
Olhei pro meu pai, com um sorriso suave, talvez irônico, enquanto calçava meu sapato pra ir pro ponto pegar o ônibus fretado e respondi:
“ENTÃO TÁ BOM.”
Simples assim, mais nada, nem uma palavra. O que eu verdadeiramente senti foi um grande alívio, porque meu pai tinha me garantido nas relações familiares SOSSEGO para que eu pudesse continuar na minha luta.
Hoje, analisando, percebo que por trás da fala do meu pai havia o PRINCÍPIO DE UM PENSAMENTO EXTREMAMENTE POSITIVO – aquele princípio que te diz que vale a pena VIVER e MORRER pelo que você deseja. Havia também, a CRENÇA no princípio de dar liberdade aos filhos para que vivam a própria vida, mesmo que isso traga alguma consequência negativa. Essa crença pode ser traduzida, em contextos ideológicos diferentes do meu pai, como pensamento positivo.
No fundo ele sabia que eu não iria morrer, eu era jovem e saudável, e tudo que eu estava passando era bem menos do que ele passou nas lutas de sua vida. O máximo que eu teria seria alguns desmaios, uma fadiga, que poderia ser tratada mais tarde. E aqui aparece um outro sentido do PENSAR POSITIVAMENTE - acreditar no impossível e ir buscar o seu sonho é ter coragem de CORRER RISCOS - Pensar positivamente é se predispor a viver uma aventura.
A verdade é que eu não desisti, e também não morri. Superei aquela fase e vivi outros problemas logo depois. E assim é a vida.
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