SOBRE EMPATIA, CAMINHADA, ESPERA, CAVALGADA, SACRIFÍCIO.
EMPATIA É CAMINHAR NO RITMO DO OUTRO
......da próxima vez eu vou a cavalo.
Como disse no texto anterior, o jeito de caminhar do meu marido é interessante, pois é naturalmente rápido. Quando o olhamos caminhar temos a impressão de que ele está andando devagar, mas, quando tentamos acompanhar, é simplesmente impossível.
Em uma fase boa da vida do meu pai, ele comprou um sítio e fomos visitá-lo. No final da tarde saiu junto com meu marido para caminhar no meio do mato.
Na volta para casa, meu pai me disse em tom de brincadeira:
“Eu vou continuar caminhando com o seu marido, mas da próxima vez eu vou a cavalo, porque eu não consigo acompanhar ele não!”
Meu pai sempre foi bem ágil na caminhada, mas como eu disse ele estava caminhando com alguém de outro ritmo, de outro nível na prática.
Meu pai, como o homem orgulhoso que era, não quis dar o “braço a torcer” para o genro, e contar que estava com dificuldade de acompanhá-lo. Foi seguindo em frente, administrando a diferença de ritmo. Com saúde muito bem estruturada, sabia que podia “forçar o passo”, que o coração aguentaria.
Imagino o esforço que fez para acompanhar o genro, sem “dar o braço a torcer” que estava cansado. Talvez houvesse alguma questão de honra envolvida. Admitir a velhice e as dificuldades advindas dela não eram uma característica do meu pai. Sempre preferiu desafiar as próprias limitações.
Acredito que ele se esforçou para acompanhar o ritmo do outro porque queria estar no mesmo nível dele e além disso, não quis estragar o momento. Para quem nasceu e cresceu no sítio, uma caminhada no final da tarde no meio do mato, sem compromisso de trabalho, é uma experiência quase mística.
Ele se esforçou para acompanhar o ritmo do outro e isso é EMPATIA. Mas, enquanto caminhava, ia percebendo a sua própria limitação e foi buscando uma alternativa para ela. Pensava em uma solução à longo prazo para o dilema colocado.
Sabia que não conseguiria acompanhar o ritmo da caminhada por várias outras vezes e encontra uma solução alternativa, que não exigia do outro qualquer sacrifício, pois atende o ritmo de ambos. E fala de forma bem humorada, para um terceiro na relação, mais íntimo, mais “chegada” – A FILHA:
- Vou continuar caminhando com seu marido, mas da próxima vez eu vou a cavalo.
Em outras palavras, para ser empático e CAMINHAR NO RITMO DO OUTRO, pode ser que você precise de um recurso extra:
- uma reflexão
- um cavalo
- uns patins
- uma bicicleta
- uma terapia
- um livro de Inteligência Emocional
- um estudo intelectual aprofundado
- um tempo para si
- uma oração
- uma respiração profunda
- etc - INFINITAMENTE ETC.
Sabe-se lá quais exigências a vida tem pra nós na INFINITA E CAÓTICA DINÂMICA DAS RELAÇÕES SOCIAIS.
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