quarta-feira, 16 de março de 2022

LUTO

                SEJA BEM VINDO COM A SUA DOR

                                                                          Acolhendo um colega

Existe uma frase da internet que diz que "TRISTEZA COMPARTILHADA É TRISTEZA DIVIDIDA". Assim compartilho abaixo a experiência de perda da minha mãe, na esperança que essa dor compartilhada toque a mística da dor do outro e a normalize em seu espírito, para que o período da emoção seja vivido sem culpa.  

Quero testemunhar dentro do estilo carismático/pentecostal que quando minha mãe se foi, o acolhimento e a aceitação dos colegas de trabalho foi crucial no meu processo de elaboração:

- A visita no velório, inclusive de pessoas que eu nem sabia que gostavam de mim;

- a fala de um amigo, que passou rapidamente no velório só pra me dizer o seguinte: "SÓ VOLTE AO TRABALHO QUANDO ESTIVER PREPARADA";

- a aceitação do meu tempo de retorno, a intervenção de alguns colegas, pedindo a gerência que me desse mais dias de abono para que eu pudesse ficar em casa, o que foi negado;

- e por fim a morte da minha sogra 15 dias depois, aumentando o período de ficar em descanso, mostrando a todos que quem “manda” na agenda é a vida, ou talvez a morte.

E este é um grande desafio. A morte vem nos mostrar o quanto todos os nossos planos são frágeis e podem se despedaçar a qualquer momento. Me lembro como se fosse hoje, a resposta pelo zap do meu chefe que me negou o tempo maior em casa quando informei a morte da minha sogra – "Nilcéia, o que está acontecendo?"

Me lembro do comentário sarcástico de uma amiga quando voltei ao trabalho – "no final ele teve de te dar mais dias de licença do mesmo jeito".

Não tenho dúvidas que foi essa aceitação por parte dos colegas que foi permitindo as emoções se acomodarem em si mesmas, para viverem o seu tempo intenso e depois se refazerem com o passar dos anos.

A morte é a vida pulsando para o seu fim e se impondo a nós com suas próprias regras, exigindo de nós uma capacidade de adaptação que nem sabíamos que tínhamos. Mas essa adaptação só é possível quando vivida com o apoio social – estou convencida que não conseguimos sozinhas(os) passar por essa experiência – talvez uma das grandes lições da morte seja a humildade. NÃO CONSEGUIMOS SUPORTAR SOZINHOS(AS).


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