SOBRE EMPATIA, CAMINHADA, ESPERA, CAVALGADA E SACRIFÍCIO.
EMPATIA: DERROTAS e VITÓRIAS
Em meu texto de 24/02/2022 - EMPATIA -, eu lembro que, para alguns teóricos, a empatia pode ser um instrumento muito útil nas práticas corporativas, em vendas e em resolução de conflitos de trabalho. Enfim, para eles trata-se de um instrumento útil para a VITÓRIA dentro dos desafios que a sociedade atual - capitalista e competitiva - nos oferece.
Em minha prática cotidiana empática as coisas não foram e não são bem assim. A empatia não me trouxe vitórias materiais. Não me trouxe uma vitória significativa no plano das relações de trabalho, da vitória financeira ou de carreira.
Em algumas situações, eu diria que até mesmo contribuiu para algumas derrotas muito significativas.
Porque, na prática cotidiana, a menos que você se renda a uma EMPATIA SELETIVA, onde alguns possuem o direito de receber o seu acolhimento e apoio e outros, por algum motivo qualquer, não são dignos de tal carinho, é você que será colocado de lado e, se não estiver preparado emocionalmente, precisará da empatia de outras pessoas para sobreviver à pressão.
Uma experiência que vivi muitas vezes, em contextos sociais diferentes, é um grupo se unir para "excluir", "eliminar", "deixar de lado" um de seus membros. Meu espírito cristão empático nunca compactuou com isso, sempre fui lá e fiquei do lado de quem estava sendo excluído pelo grupo. Porque, na minha opinião, por maior que tenha sido o erro de alguém, nada justifica o rechaçamento público de uma pessoa.
Tenho clareza que, quando o grupo tem esse comportamento, ele está imbuído de muitas justificativas, e talvez algumas dessas sejam verdadeiras. Mas me pergunto:
- Onde está o espírito de empatia dos indivíduos de um grupo ao fazer isso?
- Pra onde foram as teorias de resolução de conflitos, as lições da catequese ou escola dominical? Quando um grupo opta por tal comportamento?
Também não consigo deixar de pensar que, ao ser julgado, Jesus foi deixado totalmente sozinho, abandonado por todos, e foi acompanhado apenas pela mãe, algumas mulheres e o discípulo mais novo. Em outras palavras, algumas mulheres e uma criança, pessoas totalmente desprovidas de valor na sociedade em que viviam.
Mas, ao contrário da experiência bíblica, onde a prática empática fiel de uma mãe, algumas mulheres amigas e um discípulo muito jovem se transformou em algo maravilhoso que muda a história da humanidade para sempre, nossa prática do acolhimento fiel traz aventuras com muito mais limitações.
Entre essas limitações, está a ironia de que algumas vezes, a vítima que você defende se posicionará contra você na primeira oportunidade.
E dessa experiência eu tirei uma grande lição: EMPATIA É SACRIFÍCIO. SACRIFÍCIO sem qualquer garantia de vitória, sem qualquer possibilidade de reconhecimento.
Até inventei um jeito próprio de lidar com o pós empatia - depois do acolhimento, depois que o outro estiver de pé, fortalecido para andar com as "próprias pernas", eu me afasto - FICO LONGE - dando o tempo necessário para ele se recompor e o espaço necessário para minha fuga, caso um ataque ocorra - rss.
É que só podemos ser livremente empáticos se praticarmos juntos com a empatia o DESAPEGO.
Afinal de contas se é um dom, recebeste de graça, então de graça dai - Mateus 10-8 https://www.paulus.com.br/biblia-pastoral/_PVG.HTM -, e siga em frente neste exercício constante de atualizar o dom que existe em você através da doação do mesmo.
Sendo assim, para mim, EMPATIA é um andar saltitante e tranquilo no meio de conflitos intensos, liberando sementes de acolhimento ao vento, enquanto recolhe humanos da queda e se afasta suavemente para novos campos de batalha...
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