QTenho feito o resgate do meu passado para tentar compreender os
acontecimentos na sociedade atual. Parece-me que do ponto de vista de
desenvolvimento humano estamos andando para trás.
A capacidade de conviver com mundos culturais diferentes dentro do nosso
país e administrá-los com sabedoria de forma que a VIDA saía ganhando está se
esvaindo no mundo de mentiras das mensagens da internet.
Dentre a realidade vivida por meu pai, em sua infância, nos anos trinta
e durante boa parte da vida adulta está um benzedor - SENHOR GINO.
Não o conheci pessoalmente, em minha infância ele já havia morrido. Em
minha imaginação ele era negro e só descobri recentemente, no período que fiz
companhia ao meu pai em sua doença, que Senhor Gino era branco, talvez ruivo.
Provavelmente descendente de alemães ou italianos.
A história da vida dele, contada por meu pai, era interessante. Quando
criança, provavelmente adolescente, foi pra São Paulo para trabalhar com
alguém. Neste período, teria trabalhado para uma farmácia, talvez um
laboratório, onde sua função era ir no meio da mata para retirar plantas para
fazer remédios. Isso, evidentemente, lhe possibilitou conhecimento sobre essas
plantas.
Voltou para Minas Gerais, e começou a orientar as pessoas em casos de
doença.
Conhecedor de orações antigas e fortes, mesclou o seu conhecimento
técnico, adquirido apenas trabalhando como ajudante em um laboratório, com sua
realidade espiritual e durante anos fez o atendimento de pessoas da região.
Pessoas essas que eram desprovidas de qualquer atendimento médico,
porque SUS era algo que não era nem sonhado na época.
O que havia era um povo desprovido de atendimento médico que procuravam
em suas tradições e conhecimentos populares respostas para seus males e dores.
Foi nessa realidade social, que na infância do meu pai surgiu uma
epidemia. Pelo que meu pai relatava das características da doença, era muito
parecida com o cólera. Diante do desafio colocado, as autoridades
providenciaram médicos que atendiam toda uma região. Minha avó tinha cinco
filhos na época. Pela realidade cultural dela, acostumada ao atendimento
eficiente do Senhor Gino, decidiu primeiro levar as crianças acometidas pela
epidemia ao seu atendimento tradicional. Senhor Gino examinou todas as
crianças, olhou pra minha avó e disse:
Vou tratar desses quatro, esse, olhando para o irmão mais velho do meu
pai, não irei tratá-lo. Leve-o para o atendimento médico.
Minha avó perguntou porquê. Ele respondeu calmamente: ELE NÃO VAI
SOBREVIVER E EU NÃO QUERO SER RESPONSABILIZADO.
Fico imaginando a dor que minha avó sentiu - acho que ela experimentou a
sensação de Maria - SUA ALMA FOI TRANSPASSADA PELA ESPADA DA DOR, conforme
Lucas 2,35 - https://www.bibliacatolica.com.br/biblia-ave-maria/sao-lucas/2/
Minha avó assim o faz. Acolhe o tratamento proposto pelo Senhor Gino
para os quatro filhos e leva o filho mais velho ao atendimento médico
organizado pelo governo. De fato a criança não sobreviveu.
Me pergunto o que o fez perceber que a criança não sobreviveria. Se foi
alguma informação espiritual - intuitiva -
ou a percepção de alguma alteração física? Conhecimento do histórico da
criança, talvez. O fato é que nunca saberemos. O Senhor Gino morreu sem deixar herdeiros
para o seu Dom Espiritual e conhecimento técnico. Um conhecimento que se
perdeu.
Eu sei que essa história é muito triste. Não se trata de uma história de
vitórias e milagres que assistimos nos filmes americanos e que muitos
religiosos apregoam hoje em dia. Se trata das limitações humanas, com todo seu
aparato científico e conhecimento popular que consegue evitar muitas mortes,
mas que sabe que as perdas sempre vão existir. O mistério da morte os levam ao
silêncio resignado, com gestos silenciosos e calmos que podem ou não trazer
alguma esperança.
O que sempre acho lindo nas histórias que o meu pai contava é a
objetividade. A praticidade através da qual ele e sua cultura se
"movimentavam" em situações extremamente desafiadoras.
Senhor Gino não faz longos discursos, não acusa ou critica a ciência
(médicos), não super valoriza seu conhecimento, reconhece sua limitação e
encaminha humildemente a criança e sua mãe ao outro conhecimento, sem drama,
sem ofensas, sem xingamentos.
Qualquer DESSEMELHANÇA - Antônimo de Semelhança - Antônimos
(antonimos.com.br) - com a realidade virtual não é mera coincidência.
RESGATANDO O PASSADO
ResponderExcluirAPRESENTO: SENHOR GINO
O Benzedor que marcou a história de vida do meu pai.
Texto: DA BENZIÇÃO AO ATENDIMENTO MÉDICO - A HISTÓRIA DE UMA VIDA
RESGATANDO O PASSADO APRESENTO SENHOR GINO:
ResponderExcluirNasceu na primeira metade do século 20 - Conhecedor de orações antigas e fortes, mesclou o seu conhecimento técnico, adquirido apenas trabalhando como ajudante em um laboratório, com sua realidade espiritual e durante anos fez o atendimento de pessoas da região, desprovidas de qualquer atendimento médico do estado.
Texto: DA BENZIÇÃO AO ATENDIMENTO MÉDICO - A HISTÓRIA DE UMA VIDA
RESGATANDO O PASSADO APRESENTO SENHOR GINO:
ResponderExcluirNasceu na primeira metade do século 20 - Conhecedor de orações antigas e fortes, mesclou o seu conhecimento técnico, adquirido apenas trabalhando como ajudante em um laboratório, com sua realidade espiritual e durante anos fez o atendimento de pessoas da região, desprovidas de qualquer atendimento médico do estado.
APRESENTANDO SENHOR GINO - BENZEDOR MINEIRO DO SÉCULO PASSADO:
ResponderExcluirHumilde, Sr. Gino não faz longos discursos, não acusa ou critica a ciência (médicos), não super valoriza seu conhecimento.
Quando necessário, reconhece sua limitação e encaminha as pessoas a ciência médica tradicional - sem drama, sem ofensas, sem xingamentos.
Texto: DA BENZIÇÃO AO ATENDIMENTO MÉDICO - A HISTÓRIA DE UMA VIDA
No Texto DA BENZIÇÃO AO ATENDIMENTO MÉDICO - A HISTÓRIA DE UMA VIDA apresento Sr. Gino.
ResponderExcluirQualquer DESSEMELHANÇA com a realidade virtual atual não é mera coincidência. É sinal que estamos PERDENDO valores preciosos no meio do excesso de comunicação.