Muito se fala sobre a necessidade do convívio com o diferente, no entanto entre a fala e a prática existe um grande abismo.
Conviver com o diferente, envolve diversas dimensões:
- É um dom mas também é uma habilidade. É uma decisão racional de respeito e convivência, mas é também um estado emocional onde o amor ao próximo fala mais alto que tudo.
- É uma atitude interna que se manifesta externamente.
- É a capacidade de administrar os próprios comportamentos, de ter disponibilidade de dar um passo à frente, mas também ter a coragem de dizer claramente quando não nos é possível seguir juntos, porque nossa estrutura interna, moral, emocional e social não nos permite.
É teoria virando prática, no exercício dinâmico e intenso das relações sociais concretas. É reflexão ao vivo e a cores sobre nós mesmos, nossa cultura, nossa estrutura interna, concomitante ao acolhimento do outro e escuta ativa de sua cultura. É medir os próprios gestos enquanto busca compreender os gestos do outro.
É ter coragem para defender o próprio estilo de vida, os próprios princípios, mas principalmente é ter coragem de ceder.
Ter sabedoria e conhecimento sobre o que podemos e conseguimos ceder sem nos perdermos de nós mesmos e de nossas essências.
É estilo, é atitude, é habilidade – inclusive habilidade comportamental, em outras palavras habilidades sociais.
É saber que em alguns momentos ouviremos, SIM eu caminho com você. E em outros ouviremos – Me perdoe, mas NÃO posso continuar junto. E que logo em seguida seremos nós a dizer o SIM e o NÃO.
Importante destacar que em tempos de internet, esses desafios nos chegam constantemente, atropelando muitas vezes nossa capacidade de reflexão e elaboração emocional. No mundo virtual recebemos e oferecemos diversos SIM e NÃO em questões de minutos.
Por isso, para mim, é preciso conviver com o diferente na perspectiva das nossas entranhas. Não é possível conviver com o diferente SUPERFICIALMENTE. Estou convencida que um dos itens que gerou essa confusão ideológica e perigosa em que a sociedade brasileira se encontra é a ilusão do discurso vazio – sem prática – de convivência com o diferente.
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