Experiência vivida em 11/10/2017
É Natal. Uma criança, filho
de mãe e pai pobre, nasce em uma manjedoura e se torna o homem mais importante
do mundo nos últimos dois mil anos. Estamos no campo do mistério.
Na mística dos encontros de
Natal existe um que toca especialmente o meu coração. E não ocorreu em
Dezembro, mas em Outubro de 2017 - O encontro com uma pessoa que
morava na rua.
Quando eu residia em
Campinas, no caminho para casa passava por um local - uma esquina com semáforo
- onde sempre estava uma pessoa que morava na rua pedindo dinheiro.
Eu diria que estabelecemos
um vínculo. Não sei se às vezes eu lhe dava algum dinheiro, e não sei
exatamente como ocorreu, mas estabelecemos um vínculo.
Esse vínculo estabelecido
permitiu que ocorresse uma brincadeira entre nós:
Todos os dias, no cair da
tarde, mais ou menos às 18:00h - hora do Angelus conforme a tradição católica
A Oração do Ângelus - Oração das 18:00
horas (mensagensdefeeinspiracao10.blogspot.com) - eu chegava no semáforo, parava para
esperar o sinal verde e ele gritava pra mim:
- ME DÁ R$100,00?
- Eu respondia com um
sorriso no rosto: AMANHÃ
- Ele me respondia
balançando os ombros: A GENTE TENTA
Eu continuava caminhando
para a minha casa e ele continuava na sua lida de conseguir o dinheiro para a
janta.
No entanto, em 11/12/2017 quando retornei pra casa
minha mudança para outra cidade estava programada para o próximo dia. Eu havia
sacado dinheiro no caixa eletrônico para pagar o caminhão de mudança, fui
andando e cheguei na encruzilhada onde tinha o semáforo e ali estava o meu
interlocutor de outro mundo concreto e simbólico cujas dores eu desconhecia.
De novo ele me pede R$100,00
e de novo eu respondo AMANHÃ eu te dou. Ele me responde a frase de sempre,
balançando os ombros - a gente tenta - e eu segui meu caminho, atravessando a
rua quando o sinal se abriu.
Mas quando eu estava do
outro lado da rua me dei conta de uma coisa:
NÃO HAVERÁ AMANHÃ, NÃO PASSAREI MAIS POR
AQUI.
Decido voltar, contar-lhe
que estava de mudança e que não passaria mais por ali.
Parece-me que pude ver o MEDO em seus olhos ao me
ver voltar.
O chamei carinhosamente e
ele veio até mim humildemente, expliquei-lhe que eu estava de mudança, que não
passaria mais por ali e tirei R$50,00 da carteira e lhe dei.
Então ocorreu diante dos
meus olhos uma das cenas mais estupendas que já vi.
Aquele homem me agradeceu,
agradeceu a Deus, saiu correndo e saltitando entre os carros, relatando pra
todos que estavam ali o dinheiro que tinha ganho.
Um senhor lhe chama para lhe
dar uns trocados, ele agradece, recusa a
doação, dizendo que não precisava mais do dinheiro, conta o que aconteceu,
e lhe diz - AGORA EU VOU PODER VOLTAR
PARA MINHA CASA. Me agradece de novo, sai gritando e dançando pela rua.
Sai gritando e dançando pela
rua, em uma cena digna dos Pastores que entoavam cânticos em Belém para
homenagear a vida nova que surgia.
E eu?
Eu sigo APRESSADAMENTE meu
caminho de mulher da classe trabalhadora, ironicamente chamada de classe média,
chego em casa conto para o meu marido o que aconteceu e informo que falta
R$50,00 para pagar o caminhão da mudança, uma vez que o dinheiro que reservei
para isso eu havia deixado pra alguém na encruzilhada da vida.
https://www.youtube.com/watch?v=WFoez21EK9g
Inspirado na música NATAL TODO DIA do Grupo Roupa Nova.
Quando compartilhei essa
história para minha amiga ateia, racional, desprovida de qualquer mística
espiritual, ela me disse - a caridade nem foi sua de verdade, quem pagou a
conta no final de tudo foi o MARIDO.
Acho que no Natal de
11 de Outubro de 2017 inaugurei a mística do Natal antecipado e a caridade
familiar inconsciente. Rss...
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