Minha mãe faleceu em 2016. Na última eleição que presenciou, apesar da idade avançada, decidiu que queria exercer sua função de cidadã e mobilizou uma filha para levá-la de carro até o local da votação.
Foi um ano em que as urnas eletrônicas deram muitos problemas técnicos, causando leve tumulto no local de votação.
Minha irmã chegou na casa da minha mãe e falou, com certa IMPACIÊNCIA, que a fila no local de votação estava longa, tinha muitas pessoas e essas pessoas estavam agitadas. Então perguntou energicamente para minha mãe:
“Por que a senhora quer votar? Na sua idade não precisa mais.”
Minha mãe respondeu com a energia que lhe era peculiar:
“QUERO VOTAR PORQUE ESTOU LÚCIDA.”
Minha irmã, se adaptou rapidamente à forte defesa de minha mãe pelo direito de votar e lhe disse PRONTAMENTE:
“TERMINA DE SE ARRUMAR QUE VOU LEVÁ-LA AGORA PARA VOTAR.”
É com encantamento que olho para a HISTÓRIA da minha mãe. CONTEMPLANDO pelos olhos da alma seu gesto de cidadania ativa, como que fechando o ciclo de uma vida de luta no cotidiano.
Decidiu coroar sua vida participando de algo maior que ela: O VOTO NO CANDIDATO QUE LHE DEU CONSCIÊNCIA POLÍTICA NOS PRIMÓRDIOS DO PT EM 1980.
Ser lúcida na velhice foi o Triunfo de uma filha que teve de conviver com o Alzheimer da mãe.
VOTAR era o gesto da mulher que sabia que a própria trajetória foi marcada pela luta de outras mulheres que ela nem conheceu.
Sabia que o SUS, ao qual fez uso a vida toda, a carteira profissional das filhas e netas, o estudo de seus familiares, o trabalho das mulheres da família, o direito de escolher a roupa a se vestir, o direito ao voto, e tantas outras conquistas ao longo de sua vida cotidiana, era resultado da luta política de outras mulheres, de outras pessoas.
Não que colocasse essa consciência em palavras. Apenas sabia e de vez em quando liberava algumas pérolas como essa:
“QUERO VOTAR PORQUE ESTOU LÚCIDA.”
Então, em nome dos idosos e de todos e todas que precisam do SUS, das crianças que precisam de escolas, das mães e pais que precisam de creches, dos que precisam de ônibus gratuito, de todos aqueles que sabem que a humanidade precisa de outros para sobreviver, e que não somos o "supra sumo" do poder individual e egoísta, eu peço aos eleitores de São Paulo que vote com lucidez em 2024:
Que vote no BOULOS - NÚMERO 50 - porque não estamos sozinhas, precisamos umas das outras.
Carta aos eleitores de São Paulo.
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