segunda-feira, 24 de junho de 2024

MEDIADORA


Tenho duas amigas que, em momentos diferentes da minha vida, se colocaram no papel de MEDIADORA

No primeiro caso, eu era Diretora Sindical não liberada, enfrentando uma situação de conflito, praticamente de assédio, no trabalho.

No segundo caso, eu estava vivendo um momento DESAFIANTE na vida pessoal: adoecimento de quem amo e ataques sociais por relações abusivas.

Esses dois problemas me levaram a níveis desafiadores de elaboração.

Nos dois casos, minhas amigas fracassaram no papel de MEDIADORA e geraram mais problemas.

Sendo assim, automaticamente refleti sobre o tema, e compartilho aqui os frutos dessa reflexão:

1- Tenho a impressão que ser "MEDIADORA" é um papel social imposto às mulheres em nossa sociedade, marcada pelo machismo estrutural. É preciso elencar que esse papel de "MEDIADORA" imposto pelo machismo estrutural é pejorativo, é a falsa mediação, uma vez que não visa resolver o conflito e levar a uma solução satisfatória e evolutiva para todos os lados. Para a sociedade machista, o papel da mulher é ser uma "mediadora" meiga e dócil, que sabe usar palavras suaves e "amorosas" que manipulam a dinâmica social, colocando "panos mornos" para deixar tudo como está.

2- Na prática das relações cotidianas, me pergunto qual é o processo, a dinâmica que leva a mulher ao papel de MEDIADORA:

Alguém a pede? 

Se esse pedido existe, ele ocorre de forma objetiva e clara, ou de forma sutil, como uma chantagem emocional?

Ou é a própria mulher que, internalizando o papel social lhe imposto pelo machismo estrutural, vê o conflito objetivo ou subjacente a uma situação de stress e decide agir?

3- Ir para esse papel de MEDIADORA na maioria das vezes é uma grande tolice. Pois ser MEDIADORA sem estar devidamente preparada, gera grande desgaste emocional.

4-  Para que uma MEDIAÇÃO seja bem sucedida, todos os lados PRECISAM SABER DE ANTEMÃO que a pessoa está neste papel. Quando um dos lados não sabe, então não é mediação, é MANIPULAÇÃO. Se for assim, a "MEDIADORA" gera mais conflito e mais dor, podendo levar uma das partes a um nível de stress altíssimo e extremamente perigoso.

5- Uma mediadora despreparada se SENTIRÁ ofendida. Esse é um ponto que a MEDIADORA precisa ter muito bem elaborado, pois seus sentimentos só tem valor se ela conseguir usá-los como material para a sua própria elaboração. Seus sentimentos e emoções, jamais podem ser cobrados a uma das partes do conflito, porque eles são inerentes ao papel. Quando existe a cobrança emocional é um sinal claro de que o papel de mediadora fracassou.

6- As MEDIADORAS correm o sério risco de serem odiadas por ambos os lados.

7- As MEDIADORAS precisam ter a CONFIANÇA dos dois lados. E se perdeu a confiança de um dos lados, o processo fracassou.

Considerando o exposto acima, se na dinâmica das suas relações sociais você se vê sempre embrenhada no emaranhado de conflitos sociais que não lhe dizem respeito, penso que tens duas escolhas:

- se prepare intensamente para viver o papel de MEDIADORA

- ou fuja deliberadamente desse papel.

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