domingo, 14 de abril de 2024

NADA É SÓ “DÁ UM GOOGLE”


Em tempos de internet, quando perguntamos algo para alguém, às vezes a resposta é uma sugestão para pesquisarmos no Google.

Eu mesma já ouvi isso várias vezes de algumas amigas de luta. 

Como possuo contatos com pessoas das mais diversas tendências ideológicas, é comum receber perguntas sobre assuntos dos quais eu possuo apenas conhecimento superficial. Então, ao perguntar para os "universitários", recebo a fatídica resposta - PERGUNTA PARA O GOOGLE.

Ao receber essa resposta, primeiro vem a revolta de saber que algumas amigas de luta pensam que eu tenho tempo de ficar pesquisando indefinidamente temas no Google.

Segundo, vem a consciência de que pesquisar sobre assuntos que não dominamos é algo que "cai na categoria do impossível".

Terceiro, vem um desespero de saber que mesmo diante da emergência fatídica do nazismo, que já entrou em nossas famílias sem pedir licença, senta-se em nossa mesa de almoço com a ironia e o sarcasmo das mentiras e destilam interpretações perversas sobre acontecimentos como estupro de vulnerável, algumas colegas de esquerda acreditam que podem vencer essa ideologia sem uma ação de comunicação conjunta, eficiente e intensa.

Recentemente, recebi mensagem de uma colega perguntando se era verdade que o Boulos votou contra a isenção de imposto da classe trabalhadora. Tenho quase certeza que se trata de uma mentira ou, no mínimo, uma interpretação maldosa de algum posicionamento do Boulos em relação ao assunto.

Perguntei para colegas que são do partido do Boulos - não obtive resposta. 

Perguntei em um ZAP que envia áudios do próprio Boulos. NADA DE RESPOSTA.

Então decidi fazer a fatídica PERGUNTA PARA O GOOGLE: o resultado foi um conjunto de matérias sobre a atuação parlamentar do Boulos, informações sobre Imposto de Renda e até mesmo propaganda de advogados que trabalham na área. 

CONCLUÍ QUE ERA IMPOSSÍVEL CONTINUAR COM A PESQUISA e voltei para o plano A, de encontrar alguém que é do partido do Boulos e esteja disposto a me explicar a posição dele sobre o tema.

Enquanto isso, minha colega, que é uma senhora idosa de esquerda, com contatos com muitas lideranças católicas e mora em São Paulo, continua sem a resposta, e todos os contatos dela também continuam sem a resposta, sem o argumento necessário para a colega de trabalho, o motorista do ônibus, o almoço de domingo. 

Resta-nos saber quando vamos compreender que POLÍTICA se faz no cotidiano, no dia a dia das relações sociais, no processo contínuo das reflexões que  envolvem todas as nossas atividades e perpassa a organização do nosso discurso no dia a dia.

NADA É SÓ, TUDO É TRABALHO, TUDO É DINÂMICO, TUDO É INTENSO, TUDO REQUER TEMPO, MUUUUIIITO TEMPO.

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