Tenho recebido mensagens de que, para vencer o pensamento fascista no Brasil, basta ignorá-lo.
Meu primeiro questionamento é: “Qual a origem dessas mensagens?”
Elas chegam de forma aleatória, como se fosse um conceito espontâneo, um princípio que algum angustiado militante concluiu e começou a divulgar.
Pode ser que seja isso, mas pode ser resultado de algum movimento bem intencionado que realmente acredita na existência de vitória sem luta.
Pode ser alguém adepto da Psicologia comportamental que acredita piamente no princípio da Extinção de comportamento, onde não reagir a um estímulo, deixando de reforçá-lo provoca automaticamente sua eliminação.
Pode ser algum Cristão, também bem intencionado, acreditando que ao entregar para Deus, tudo se resolve.
Existe ainda, o grupo de pessoas que acredita que ao darmos atenção a eles, estamos divulgando as atitudes deles, trabalhando na mesma "energia" deles e decidem não "vê-los".
E no caminho das infinitas interpretações, pode estar por trás dessa proposta os próprios fascistas, que querem continuar falando e divulgando as suas ideologias sem serem incomodados.
EU PARTICULARMENTE NÃO GOSTO DESSA PROPOSTA.
Primeiramente, porque acho que as pessoas gostam de quem é forte - de quem vence as discussões.
Também me incomoda o fato de não saber o que o meu inimigo está fazendo, em que frente ele está atuando. Além disso, não olhar o inimigo vai contra um ensinamento de Jesus Cristo: “VIGIAI E ORAI.” Alguns ensinamentos orientais chamam isso de atenção concentrada - tranquila, sem tensão, mas CONSCIENTE E ALERTA.
Também tenho resistência à sugestão de simplesmente ignorar o inimigo porque já estamos fazendo isso desde o século passado e não estamos tendo resultado. Na igreja católica, de forma geral, a orientação era viver momentos harmoniosos em família, sem tocar em assuntos polêmicos como religião e política, com os parentes que estavam se direcionando para as igrejas neopentecostais. A palavra RESPEITO reinava nas famílias como um mantra. E "acordamos um dia" e tinha vários nazistas no nosso grupo de zap, no almoço de domingo, no encontro do Natal.
Mas a questão é que, recentemente descobri que não foi de repente que eles apareceram. Não foi a mágica da internet que os fizeram se manifestar tão intensamente no ano de 2016, pedindo o impeachment da Dilma. Desde 1993, os membros da família tinham suas escolhas políticas pró ditadura e faziam campanhas intensas nos bastidores dos almoços de domingo. Apenas essa informação não chegou até mim…
Como eu sempre tive um posicionamento humanista forte e grande capacidade de argumentação, a família escondeu essa informação de mim, tal qual outras famílias escondem relações abusivas, uso de drogas, TUDO EM NOME DO "BEM VIVER".
Recentemente em um grupo de zap, fiquei sabendo que a extrema direita começou a se organizar fortemente no mundo em 1980, com o início da queda do comunismo.
Todos esses critérios citados acima me fazem acreditar que a proposta de simplesmente ignorar a extrema direita não me parece viável como estratégia para a superação da mesma.
Além disso, particularmente gosto do enfrentamento, do debate fervoroso. Gosto da VITÓRIA NO DEBATE ao vivo e a cores do Flávio Dino, do João Pedro Stédile do MST, da Marina Silva, do Pastor Henrique e da Erika HIlton, entre outros. Gosto de vencer as discussões e gosto quando os meus vencem as discussões.
Mas concluo com uma reflexão contraditória:
Acho, com grande ênfase no acho, que o grande problema é que ambas as propostas, fazer o enfrentamento ou ignorá-los, podem estar certas e ao mesmo tempo erradas. Já se foi o tempo em que as respostas eram simples e claras. Provavelmente precisamos de pessoas aptas a atuarem nas mais diversas frentes, utilizando as mais diversas estratégias.
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