sábado, 4 de fevereiro de 2023

PROJETO: TREINAMENTO CONTÍNUO


Não é novidade para ninguém que a experiência da internet tem provocado mudanças no nosso modo de aprender. A velocidade da informação atropela e pode criar um amortecimento nos processos reflexivos e, consequentemente, na ação libertadora.

Tenho refletido sobre o efeito dessa nova comunicação na mente das pessoas, uma vez que tenho a impressão que, muitas vezes, as informações “passam e repassam em suas mãos e mentes” sem profundas reflexões.

O excesso de mensagens com temas diversificados, e a necessidade de me posicionar sobre estes temas, desafiou-me intelectualmente, provocando reflexões e a construção de modelos de atuação.

Foi assim que surgiu os projetos:

- 2023/365 dias de combate ao racismo estrutural - Diálogos: Resultados da pesquisa projeto 2023 (nilceiaeulampio.blogspot.com)

- Unificando/Disputando Narrativas -  (2) unificando narrativas — Resultados da pesquisa | Facebook

O modelo de treinamento utilizado pelos Movimentos Sociais apresenta características muito importantes, e a primeira delas é estar estruturado na CIÊNCIA e isso deve ser VALORIZADO, PRESERVADO e DIVULGADO intensamente. Continuamos na luta para que a classe trabalhadora tenha acesso à formação nas diversas áreas da ciência e oportunidade de usufruir do conhecimento que esta ciência proporciona, através dos órgãos governamentais -  escola, SUS, justiça e outros, mas também através de órgãos formais, como Associação de Bairros, Sindicatos, Grupos Alternativos de Cultura, Cursinhos Populares, Encontros Formativos e etc...

Abaixo, cito mais algumas características que considero importantíssimas no modelo de treinamento dos Movimentos Sociais:

1- Palestrantes de altíssimo nível intelectual e conhecimento.

2- Intercâmbio de conhecimento entre grupos de classes sociais diferentes.

3- Possibilidade de se aprofundar em um tema recente da sociedade a partir da visão de um especialista.

Esse modelo é ótimo e precisa ser mantido. Mas não atende todas as necessidades de aquisição de conhecimento, reflexão e ação, impostas pela velocidade de informações da internet.

Tipos de Treinamento:

Há pouco tempo atrás, havia apenas o treinamento formal, oferecido nas escolas, e o informal, "organizado" na e pela cultura popular.

Mas a sociedade mudou, e talvez, agora tenhamos vários modelos de Treinamento:

- formal – escolar.

- informal -  o conhecimento passado de pai/mãe para filho/filha e todo conhecimento popular, passado de uma geração à outra.

- semi formal - reuniões on-line, palestras estruturadas, entrevistas, lives, vivências, dinâmicas, encontros reflexivos.

- informal virtual - as mensagens de zap, memes, vídeos curtos, bate-papo na internet e etc.

Sim, considero as mensagens de zap, memes, vídeos curtos, bate papo na internet e etc., como um tipo específico de TREINAMENTO, que pode unir OU NÃO os outros modelos de aquisição de conhecimento. Esse Treinamento "INFORMAL VIRTUAL" está formando a opinião popular, quer reconheçamos isso ou não. Cada mensagem de “Bom dia” com agradecimento ao belo nascer do sol, enviada ou recebida pelo zap, apresenta ali uma visão de mundo, uma forma de estruturar a cultura popular com toda a sua diversidade.

Voltando para a questão política, propriamente dita, é preciso lembrar que política se faz com ideias. E, princípios como prosperidade por mérito próprio, felicidade, pensamento positivo e outros, transmitida incessantemente pela internet, está no ápice da ideologia neoliberal que sustenta o sistema capitalista em nosso país.

Assim se faz necessário construir um DIÁLOGO FRATERNO com pessoas fora da "bolha digital/presencial", de forma a ajudar a romper com as ideias opressoras. Destaco que, nosso país é marcado pela DIFERENÇA e, talvez um dos aspectos mais maléficos da ideologia da extrema direita, seja dizer que o país está dividido em dois e trabalhar intensamente para que isso se torne verdade. 

Lembro a todos(as) que, conversar com o DIFERENTE, não se trata de conversar obrigatoriamente com a extrema direita. No encontro com as diferenças em nosso país, você tem muitas escolhas. Pode começar com o que for mais fácil. 

Exemplos:

- formação diferente – exatas/humanas, doutores e mestres/formados/semianalfabetos/analfabetos

- religiões diferentes - católicos/evangélicos/afro/místicos e etc...

- opção sexual: heterossexuais/homossexuais e outros.

- etc, etc, etc...

A lista de DEFERENTES e DIFERENÇAS em nosso país NÃO acaba - escolha o seu DIFERENTE e comece AGORA o trabalho de conscientização das bases, da sua base.... 

Em palavras mais populares, eu me pergunto como fazer o conhecimento que oferecemos “entrar”?

Uma vez aprendido, como fazer com que as pessoas reproduzam esse conhecimento?

Uma vez o conhecimento "entrando", como transformá-lo em ação.

No texto de Agosto Lilás - Diálogos: Resultados da pesquisa ENTENDEU OU QUER QUE EU DESENHE? (nilceiaeulampio.blogspot.com) - busquei responder à questão: “Por que NÃO NOS OUVEM”?

Minha resposta intuitiva a essa pergunta é:

-  porque não falamos a quantidade de vezes necessárias para o outro nos ouvir. Se, por um acaso, ele nos ouve e não entende o que dissemos, não repetimos, não temos opções de discurso, de falas, de textos, de comportamento, para explicar o tema em outra perspectiva.

-  não ouvimos as pessoas, então não sabemos exatamente se elas entenderam, se não entenderam, se concordam ou não concordam.

- não fazemos síntese entre o que é nosso e o que é do outro, não procuramos caminhos ou mesmo atalhos entre discursos diferentes, buscando o que se tem em comum.

E assim, seguimos produzindo inimigos, que tudo que precisavam eram ser ouvidos mais alguns minutos. Se ouvíssemos, descobriríamos que são humanos, que possuem fragilidades e que, apesar das muitas diferenças, existem pontos de convergência que nos permite caminhar juntos em alguma direção humanitária e justa.

Falamos nossas “verdades” uma vez, não ouvimos ou vemos o efeito que nossa fala teve no indivíduo, grupo ou na sociedade, e continuamos antagonizando nossa verdade com a verdade do outro, não conseguindo continuar o debate, e nos afastamos da ação de conscientização política transformadora.

Bora trabalhar por mudanças - ela começa com você, comigo, com todas(os) nós!

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