Mas, qual Assédio?
No cotidiano, no dia a dia, sofremos tantas violências, muitas expressas dentro daquilo que se denominou assédio moral em nossas relações de trabalho, que me pergunto qual delas ENFRENTAREMOS primeiro.
Por onde começar?
Nas relações de trabalho, parece existir em nossa sociedade, uma CULTURA DO ASSÉDIO.
Vou explicitar alguns pontos:
1- Muitas vezes, existe um abismo entre as teorias de administração propostas pelos Recursos Humanos e a realidade nas relações de trabalho. Esse abismo, entre o que é expresso nos cursos e normas e a realidade, pode provocar um “estrangulamento” emocional e do senso de realidade da(o) trabalhadora(or).
De um lado as metas abusivas e irracionais; no outro extremo, discursos de humanização, diálogo e democracia. No meio, grupos de pessoas lutando para sobreviver, seja através de um processo de adaptação à barbárie contemporânea ou através da luta aberta contra ela, ou ainda através de uma RESILIÊNCIA silenciosa.
Independente do papel social que ocupem ou “escolhem” exercer, a verdade é que TODAS(OS) AS(OS) TRABALHADORAS(ES) ESTÃO LUTANDO PARA SOBREVIVER.
2- Entre todos que lutam pela sobrevivência, estão os gerentes, as chefias. Capatazes da sociedade contemporânea, muitos parecem sentir saudades de um tempo que não viveram, onde era permitido usar o chicote. E, como não podem utilizar o castigo físico, fazem uso dos recursos de ameaça que estão em suas mãos: demissão, exclusão do plano de carreira, silêncios deliberados, regulação injusta de treinamento, “brincadeiras” humilhantes, são alguns dos recursos utilizados para o controle abusivo da classe trabalhadora em nossa sociedade.
3- No local de trabalho, a VIOLÊNCIA denominada assédio, se utiliza dos "jogos perniciosos das relações sociais" para manter as trabalhadoras sobre controle, exigindo o desenvolvimento de uma RESILIÊNCIA que se por um lado possibilita a sobrevivência psíquica da trabalhadora, por outro, o grande beneficiado dela é sempre o sistema capitalista que explora e tortura.
Dentro dessa realidade, resta-nos a questão do que fazemos e faremos diante do poder capitalista que explora e direciona nossa energia vital para o seu próprio benefício.
Fica-me a frágil esperança de CONSEGUIR fazer a diferença aqui em baixo, no “chão de fábrica”, não compactuando com situações arbitrárias e injustas no cotidiano das relações de trabalho e denunciando-as de forma categórica e sistemática nas mais diversas instâncias.
Meu desejo é que minha atuação de enfrentamento da VIOLÊNCIA denominada assédio, seja organizada com tal maestria, que possa ser instrumento para a superação desse desafio.
"Meu cansaço, que a OUTRAS descanse / Amor que almeja seguir amando"
A Barca - Padre Zezinho.
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