segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

NATAL DE 2022

NA VIDA TEMOS TEMPO PARA TUDO - TEMPO DE NASCER E TEMPO DE MORRER 

Eclesiastes 3, 2


A Igreja Católica tem uma organização do tempo litúrgico que acho fantástica:

Começa no Advento - espera do Natal.

Depois a véspera do Natal – o NATAL -  e, por último, o tempo do Natal

Depois vem o Tempo Comum, e seguimos para o Tempo da Quaresma, que é a preparação para a Semana Santa, que culmina na Páscoa e se propaga no Tempo da Páscoa, até iniciar um novo Tempo Comum, que vai culminar no tempo do Advento....

E assim completa-se um ano, trabalhando espiritualmente temas específicos com o objetivo de possibilitar ao devoto um mergulho nos mistérios da redenção humana realizada na pessoa de Cristo.

Sim, muito antes da psicologia falar em tempo cíclico a Igreja Católica – ano 325 concílio de Niceia - Quando termina e quando começa o Ano Litúrgico? - Comunidade Olhar Misericordioso -,  já organizava seus eventos religiosos através do tempo litúrgico que é cíclico. Sempre retorna ao mesmo tempo, mas o tempo que se encontra de novo nunca é igual ao vivido anteriormente – cada ciclo possui sua própria mística. 

Muito antes da Teoria da Constelação falar em IMERSÃO, o tempo litúrgico Católico já convidava a mergulhar na esperança do nascimento do Menino Deus, na experiência do Deserto de Jesus, na contemplação das dores da via Sacra, na crucificação e morte, no êxtase da ressurreição e do renascimento, sempre voltando para a tranquilidade de um "TEMPO COMUM" onde os desafios espirituais e reflexivos se apresentam a partir do caminhar tranquilo, ou não, do cotidiano.

O grande problema é quando o TEMPO LITÚRGICO ENTRA EM CONFLITO COM O TEMPO REAL.

Chronos e Kairós entram em conflito com o tempo LITÚRGICO, quando o tempo real da vida não se encaixa no encontro com a mística proposta. Esse desencontro chega a gerar uma nova mística. Acho que podemos chamar essa mística de levitação dinâmica ou rodopio da vida. 

Entre todos os poderes da morte, está o poder de perverter todos os tempos dessa vida - de Kairós ao Chronos, do tempo LITÚRGICO ao tempo do trabalho, tudo, absolutamente tudo, vira de "ponta cabeça" em uma velocidade estonteante. Sem retornar ao que era antes, porque a ausência do ser amado é um vazio que não é passível de ser preenchido. 

Foi assim esse ano - enquanto me esforço para sintetizar as experiências do ano com uma certa alegria de missão cumprida, e traçar os objetivos e metas para o próximo ano, que chega sem pedir licença e sempre oferece as possibilidades de recomeço, aprendizado, derrotas e vitórias, a vida corta o sentido de tudo - informando que a MÃE DE UMA AMIGA FALECEU.

E assim chego em Dezembro de 2022, refazendo agendas, resgatando dores e saudades, disponibilizando abraços e silêncios. Um choro contido que insiste em se manifestar.

Antes de terminar quero registrar minha certeza de infância: AS PESSOAS NÃO MORRIAM NO PERÍODO DO NATAL. Pena que a realidade se sobrepõe às fantasias.

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