segunda-feira, 17 de outubro de 2022

VAMOS FALAR DE POLÍTICA

 

RESPONDENDO QUESTÕES DO COTIDIANO


Destaco que este texto, como muitos outros que produzo, foi pensado enquanto eu lavava e estendia roupas, conciliando com outras atividades domésticas o reuso da água, sentindo-me culpada porque, para minha roupa ficar limpa, a IRMÃ ÁGUA – São Francisco de Assis –, é violentada em sua pureza por produtos que maculam o líquido da vida, a transformando em um produto que danifica a natureza.

Porque mulher da classe trabalhadora é assim - enquanto CUIDA da casa, reflete, produz, pensa e repensa mil vezes o mesmo assunto, deixando fluir as ideias tal qual a água flui da torneira e lembra com saudades do tempo em que não foi canalizada para apenas um fim e vivia sua liberdade plena entre o regaço, florestas e campos.

Mulher da classe trabalhadora é assim - assobia, chupa cana, doma leões, enfrenta antas, luta pela preservação ambiental onde leões e antas possam viver plenamente sua natureza selvagem/instintiva, ouve música, cantarola um pouco e sorri.

Sorri um sorriso plácido, automático mas não mecânico, expressão de uma resiliência construída a partir do concreto do cotidiano, onde ser frágil é proibido. A mulher da classe trabalhadora descobre que a força do Espírito em todos os gestos e sons é a alternativa viável que garante o movimento da vida.

Assim, enquanto fazia o exercício de CUIDAR da limpeza da roupa, a mente fazia um trabalho espontâneo de construir uma resposta civilizada, pacífica, branda e misericordiosa às mulheres religiosas que estão votando em uma ideologia machista, desumana e violenta.

Alguns tópicos que entendo que precisamos estudar e nos aprofundar juntas:

1- A história recente da Venezuela, associada ao domínio norte americano na América. Nós criamos um modelo de análise no Brasil, onde os responsáveis não são mais responsáveis. Se esquece da primícia básica de que, quem tem poder, tem mais responsabilidade. Paramos de cobrar e exigir de quem tem poder. E o culpado é quem está sob o regime dominante, lutando contra ele. Ficou muito fácil para as autoridades capitalistas exercerem o poder, porque recusam-se a assumir responsabilidade por qualquer coisa. “Posam” de eficientes, de resilientes, mas NÃO ASSUMEM RESPONSABILIDADE SOBRE NADA. Na verdade, sua resiliência está estruturada na eficiência da exploração e na capacidade de se esquivar frente aos acontecimentos nos países em que eles intervêm.
Assim, na minha interpretação, muitos dos problemas que ocorrem na América Latina é responsabilidade dos Estados Unidos, que é quem tem o poderio econômico na região.

2- ABORTO/SUS. Eu sou contra o aborto e discordo totalmente de todos os princípios que minhas IRMÃS feministas utilizam para defendê-lo. É um tema que me “embrulha o estômago”, revira minhas “ENTRANHAS” e por si só me leva ao desespero emocional e confusão intelectual.
Destaco que essas sensações vem do convívio com minhas IRMÃS FEMINISTAS – não é de assistir no youtube, não é de ouvir falar. Parto do pressuposto que é preciso conhecer os diversos aspectos da realidade para se posicionar sobre um tema.
Assim minha sugestão é que, se você nunca conheceu uma pessoa que fez aborto, se você nunca conversou com uma mulher que defende o aborto, não está lutando para a criação de um centro de apoio à mulher grávida, não participa de nenhuma pastoral ou movimento social, não leu livros e artigos a favor e contra o aborto, não está criando um sistema de acolhimento e apoio a criança abandonada e etc… Minha sugestão é que PARE DE SE POSICIONAR APENAS DE OUVIR FALAR.

3- SUS/aborto. Se seu voto é em um candidato que propõe a EXTINÇÃO DO SUS E ESTÁ RETIRANDO INTENSAMENTE VERBAS DA SAÚDE, DA EDUCAÇÃO E DA CIÊNCIA, então não vejo qualquer sentido ser contra o aborto porque MÃES E FILHOS VÃO MORRER SEM ATENDIMENTO MÉDICO, independente do desejo da mãe.

Com o SUS destruído, muitas pessoas vão morrer, não apenas as crianças abortadas, mas as mães dessas crianças também. O que é muito pior, vão morrer as mães que querem ter filhos(as), mais um grande número de mulheres que NÃO TERÃO ATENDIMENTO MÉDICO - PRÉ NATAL E PARTO. Enfim, morreram muitas pessoas da classe trabalhadora.

Assim, se você não tem uma fortuna para suprir os medicamentos da Farmácia Popular da sua cidade, se a Pastoral que participa não tem como expandir a sua capacidade de atender a população com alimentos, seu voto precisa ser LULA.

Se você não tem dinheiro para pagar internação para as pessoas pobres, não está disposto a fazer “vaquinha”, bingo, almoço beneficente, para pagar consultas, exames para as pessoas que precisarem, então, por favor, não me fale de direito à vida.

4- É MENTIRA que o PT persegue religiões. E não compreendo porque pessoas tão inteligentes, de classe média alta, com acesso à informação, aderem a esse discurso. É UMA MENTIRA DESLAVADA.

Me faz lembrar um ditado mineiro que diz: “MESMO QUANDO DIZ VERDADE AINDA É MENTIRA”.

Eu vivo anos dentro dos movimentos sociais, NUNCA VI OU OUVI QUALQUER MENÇÃO DE QUE A ESQUERDA IRIA PERSEGUIR AS RELIGIÕES NO BRASIL.

Concluindo, compartilho com vocês o que aprendi na vida de classe trabalhadora é que às vezes podemos escolher as nossas lutas. Ainda podemos escolher nossas lutas, mas, depois de Novembro, pode ser que não poderemos mais escolhê-las – isso depende de você, depende do seu voto.

Além disso, é quase impossível fazer as lutas cessarem neste plano de vida e se você acredita no contrário, você está muito equivocada. Como disse minha querida amiga do grupo Campanha de Saúde e Segurança no Trabalho da Pastoral Operária de São Paulo: “VOTAR EM ALGUÉM NÃO É DAR A ESSA PESSOA UM CHEQUE ASSINADO EM BRANCO”.

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