A arte de viver sem competir
Ao PARAR para pensar sobre a possibilidade de viver sem competir, fui me dando conta que esse conceito está chegando até mim devagar ao longo dos anos, como que querendo "quebrar" os paradigmas limitantes do meu egoísmo aos poucos, carinhosamente.
E é assim que a competitividade vai sendo colocada de lado e derrotas se tornam vitórias emocionais iluminadas por experiências espirituais significativas... e um desejo imenso que as bênçãos que chegam até mim possam também chegar até outras(os).
Viver sem competir, como possibilidade de superar o egoísmo preexistente na vitória – toda vitória é uma derrota de alguém. Não, isso não é plenamente verdade, toda vitória é a derrota de muitos.
Viver sem competir, é como abandonar-se no gesto simbólico de outras possibilidades, é como o último gesto do dançarino após um ensaio cansativo, é o guerreiro abandonar a espada para nunca mais lutar, é um despir-se das coisas do mundo, e viver uma espiritualidade que abre portas além do nosso próprio egoísmo e transforma nossa oração em um clamor especial pela humanidade inteira, mas em especial por aqueles que estão próximos de nós e muitas vezes nos ataca.
É fazer nossa humilde voz ecoar junto com a voz de grandes mulheres e homens que marcaram a história da humanidade.
Me lembro do filme do Gandhi, quando confrontado por diversos jovens, pois estava andando na calçada e o indiano não podia andar na calçada em seu próprio país, olha calmamente para os seus perseguidores e diz: ”ACHO QUE HÁ ESPAÇO PARA TODOS NÓS AQUI.”
Me lembro da história de Santa Dulce dos Pobres, caminhando pela capital Salvador – BA -, e lutando para construir um hospital para doentes resgatados da rua em 1949. O conceito de Saúde para todos (SUS) não existia nem em sonho.
Me lembro de Chico Mendes, Irmã Doroti, São Oscar Romero e tantos outros que foram assassinados porque estavam lutando por causas que edificavam a humanidade com paz e justiça social.
Mas lembro também de amigos e amigas do meu cotidiano, que muitas vezes abandonaram tudo que estavam fazendo – todas as competições - para ouvir as minhas dores, consolar minhas angústias e assim acalmar meu desespero.
Tudo isso me faz pensar que viver sem competir pode ser uma forma plena de viver a espiritualidade. Pode ser uma metodologia para viver sem dor.
Talvez viver SEM COMPETIR seja a resposta para o pedido:
“QUERO UMA CHANCE DE TENTAR VIVER SEM DOR”
Música dos anos 80 - O Astronauta de Mármore (Grupo Nenhum de Nós)
https://www.youtube.com/watch?v=YsQ6fxbF-t0
Vale a pena tentar. Vale tentar a experiência.
AFINAL DE CONTAS, OUTRO ASPECTO DA ESPIRITUALIDADE QUE PRATICO É ESSA MANIA DE ENCARNAR CONCEITOS INTRIGANTES NA VIDA COTIDIANA E VER O QUE ACONTECE...
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