CRUCIFICAÇÃO E MORTE DE JESUS
Na última sexta feira - 15/04/2022 - católicos do mundo inteiro lembraram e meditaram na crucificação e morte de Jesus. Aliás, não apenas a crucificação e morte, mas todo o processo que ele sofreu - a traição do amigo, o julgamento injusto, as armações, a política, a inveja, a tortura física, o sarcasmo das pessoas, a solidão, o sofrimento da mãe.
Trata-se de uma lista de acontecimentos humilhantes, uma sequência sem fim de derrotas que vão se concretizando uma após outra, sem nada ou ninguém fazer parar.
Quando questionado sobre isso por Pilatos, respondeu: “MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO” - Evangelho de São João, 18:36.
Neste contexto, a Igreja católica convida os seus fiéis à prática do silêncio, indicando que, diante do sofrimento máximo, a mente humana também encontra os seus limites e se calar na contemplação da dor pode ser uma maneira sábia de enfrentá-la.
Contemplar com sensibilidade o sofrimento do outro, reconhecendo a própria impotência diante dos fatos, às vezes é a única alternativa a ser feita.
Diante do poder político aterrorizador, que detém o poder de torutura, temos na Bíblia a presença de mulheres que insistem em serem testemunhas da dor do outro que ama e não o abandona, mesmo que seja apenas para lhe mostrar o seu olhar de dor, compaixão, presença emocional intensa.
Mas fazer essa contemplação sem se "desmontar" internamente, requer de nós uma FORÇA INTERIOR que muitas vezes transpõe a nossa própria compreensão humana.
Viver a dor própria e do outro, sem nos perdermos em ilusões, ou sem nos perdermos em nossa própria revolta e ódio, é o grande desafio que as mulheres do Evangelho superam.
Mas Jesus ressuscitou, provando assim que SEU REINO NÃO É DESTE MUNDO. Passando da mística do sofrimento libertador para a mística da vitória da ressurreição, me pergunto, e às vezes estou quase começando a compreender, se a resposta não é vitória neste mundo como nos apregoa a Teologia da Prosperidade, mas vitória espiritual - aquela vivida pelos grandes místicos.
A única vitória possível é aquela que nos leva a superar a lógica da própria vitória e viver a vida na perspectiva de uma prática espiritual libertadora, que nos leve à superação de nós mesmos e a entrega ao DESCONHECIDO, aquele elemento oculto, que se encontra em todo conflito e, uma vez desvendado pela prática intensa da reflexão e meditação, nos permite encontrar soluções para os problemas mais desafiadores.
Desejo a todas e a todos a ressurreição dos sonhos mais puros e mais humanitários!
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