Parte II
Recebi um artigo dizendo que começaram a ocorrer cultos "evangélicos" nos intervalos das escolas públicas de São Paulo:
https://x.com/eusigo12/status/1884263157717156167?s=08
POR QUE É UM PROBLEMA?
Minha primeira reação à reportagem é de "asco", algo embrulhando o estômago, me perguntando como isso é possível?
Para mim, a escola é um espaço que, exatamente por ser "neutra" da perspectiva religiosa, se torna sagrado, porque acolhe diferenças em alguns metros quadrados. Diferenças essas que são obrigadas a se encontrarem e se relacionarem.
Como podem simplesmente macular pela intromissão agressiva de alguns esse espaço sagrado de encontros de diferenças?
Alguns amigos e amigas evangélicas dirão para mim que não vêem nada demais, que os adolescentes estão apenas orando e professando a sua fé.
Mas, me pergunto se fossem outros grupos religiosos professando sua fé na escola, se os evangélicos achariam "legal, bonitinho"?
Se essa fé professada fosse afro-brasileira, então acredito que estaria feita a confusão.
Para demonstrar essa resistência dos chamados "evangélicos" em conviver com diferenças, vou relatar um fato:
Uma colega deixava a filha de sete anos acompanhar a coleguinha na Igreja Evangélica e me perguntou o que eu achava. Respondi que não achava legal. Que entendo que criança, se for seguir uma religião, deve seguir a religião dos pais e responsáveis. Minha colega respondeu-me com uma frase que se tornou comum nas periferias: mas tudo é de Deus. Sugeri que minha colega fizesse um teste e depois decidisse: fale para a sua filha convidar a coleguinha a ir com ela na igreja católica e aguarde a resposta. Minha colega assim o fez e a resposta não foi positiva.
Diante do desafio, e na tentativa de "curar o meu fígado", coloco algumas questões para explicitar racionalmente POR QUE É UM PROBLEMA manifestações religiosas em escolas públicas:
- sabemos que muitos querem transformar o Brasil em uma ditadura teocrática que de cristã NÃO possui nada e utilizar adolescentes para conseguirem novos adeptos seria uma estratégia muito eficiente.
- definição de um único modelo de vivência religiosa.
- escola deixar de ser uma espaço “neutro", onde a diversidade cultural do Brasil se manifeste dentro dos limites estabelecido pela lei.
- o que são as novas manifestações religiosas denominadas pelo termo evangélico? São tão amplas que nos perdemos no meio do contexto.
- quem está por trás dessas manifestações? São verdadeiramente manifestações espontâneas de fé dos adolescentes?
- como ficam os outros adolescentes, seguidores de outras denominações religiosas? Se sentiriam desrespeitados?
- se adolescentes de outras denominações religiosas começassem a se organizar nos intervalos das escolas para viverem sua fé, os evangélicos aceitariam?
Nenhum comentário:
Postar um comentário