quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

ASSÉDIO - UMA VIOLÊNCIA PECULIAR


Recentemente, aprendi com minha amiga Silvana, do grupo Campanha de Saúde e Segurança no Trabalho da Pastoral Operária Estadual, no programa da NJ -  Notícias de Limeira, que Assédio é uma VIOLÊNCIA e que, quando ocorre no local de trabalho, é uma VIOLÊNCIA do trabalho.

Na disputa de narrativa, entendi a definição do ASSÉDIO COMO VIOLÊNCIA e a divulgação desse conceito, um instrumento significativo no enfrentamento do mesmo. Porque, muitas vezes, o assédio é confundido com problemas de menor grau, como conflitos sociais, desentendimentos que causam um pequeno mal estar e pode ser superado com medidas paliativas, como um "bate-papo", um pseudo apoio momentâneo à vítima, uma orientação superficial a quem provocou a situação.

No máximo, é encarado como uma violência de menor grau e, muitas vezes, a responsabilidade sobre os acontecimentos VIOLENTOS recai sobre a vítima, que é considerada frágil, sem habilidades sociais e/ou com distúrbios emocionais, por não estar sabendo "lidar" com as "brincadeiras" de um indivíduo ou do grupo.

Mas a realidade é outra, ASSÉDIO é uma VIOLÊNCIA que possui uma peculiaridade:

"NÃO DEIXA MARCAS NO CORPO, MAS NA ALMA."

E, como não deixa marcas físicas, se torna difícil provar, inclusive no contexto social, que dirá na justiça.

Apesar dos grandes esforços dos sindicatos, profissionais da saúde e de outros setores da sociedade para estruturar o combate ao assédio moral terem  alcançado muitos avanços, vou me concentrar, nas próximas semanas, nas dificuldades de provar a existência da VIOLÊNCIA denominada Assédio Moral.

Porque, quando as marcas da VIOLÊNCIA DENOMINADA ASSÉDIO MORAL se tornam visíveis, deixam dúvidas de sua origem.

Atualmente, é amplamente divulgado a análise dos problemas psicológicos, nas instituições e na sociedade, como questões individuais, muitas vezes fisiológicas, que devem ser tratadas com remédios, que contenham os possíveis desequilíbrios e reestruture o "bom funcionamento do cérebro" do trabalhador e da trabalhadora, capacitando-o(a) para garantir a produtividade que a empresa precisa. Assim, fica fácil para o VIOLENTADOR disfarçar as provas e se esconder na multidão.

Acredito que a pouca visibilidade de teorias psicológicas e sociológicas que analisam as dinâmicas grupais e a realidade cultural como fator estruturante da personalidade humana, é um fator dificultador para a identificação e superação do problema.

As dinâmicas grupais, suas peculiaridades como hábitos culturais e o conflito desses com as mudanças concretas e ideológicas ocorridas em nossa sociedade, assim como a dificuldade dos indivíduos de se adaptarem aos novos conceitos/princípios morais, éticos e legais que regem a sociedade contemporânea, dificulta a identificação da VIOLÊNCIA denominada assédio, e portanto a orientação adequada para a superação do mesmo.

Dentro desse contexto, muitas vezes ao se fazer o enfrentamento do assédio moral, corremos o risco que a VIOLÊNCIA praticada recaia em cima da vítima. É muito comum, ouvirmos as seguintes frases:

- Ela não entendeu direito.

- Ela tem problemas de relacionamento social.

- Não aceita brincadeiras.

- Eu sou assim, porque ela não pode aceitar o que eu sou?

O pronome foi utilizado no singular e no gênero feminino, propositalmente, para indicar que as mulheres são sim as maiores vítimas da VIOLÊNCIA denominada assédio moral e despertar a necessidade de nos unirmos para o enfrentamento do mesmo.

Porque ontem foi você, HOJE SOU EU, e amanhã sabe-se lá quantas serão as vítimas....


"Meu cansaço, que a OUTRAS descanse / Amor que almeja seguir amando" - A Barca - Padre Zezinho -  https://www.youtube.com/watch?v=yLHhAGl3Bqw

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